O chanceler brasileiro Mauro Vieira convocou o embaixador israelense Daniel Zonshine para uma reunião urgente no Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro. Essa decisão surge como resposta à declaração do governo de Israel que nomeou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva como persona non grata.
A convocação do embaixador israelense evidencia a insatisfação do Brasil, que já havia chamado de volta seu embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer. “Frente à seriedade das declarações desta manhã do governo de Israel, o Ministro Mauro Vieira, presente no Rio para a reunião do G20, solicitou a presença imediata do embaixador israelense Daniel Zonshine no Palácio Itamaraty. Paralelamente, convocamos o embaixador brasileiro em Tel Aviv para consultas”, consta na nota do Itamaraty.
As declarações de Lula, comparando as ações israelenses em Gaza com o Holocausto, foram categorizadas por Netanyahu como “vergonhosas” e uma banalização do Holocausto.
Em uma reunião no Museu do Holocausto, em Jerusalém, Meyer enfrentou críticas e uma situação descrita por diplomatas brasileiros como um “circo”, sugerindo uma possível reciprocidade na convocação do representante israelense em Brasília. A escolha do museu como local para o encontro é vista como uma quebra de protocolo atípica na diplomacia global.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, usou as redes sociais para expressar sua indignação, destacando a importância do museu como testemunho do Holocausto, inclusive mencionando seus próprios antepassados vítimas desse período.
A polêmica declaração de Lula, feita na Etiópia, comparando a situação em Gaza com o genocídio nazista, repercutiu amplamente, levando até mesmo ao agradecimento do grupo Hamas, que viu nisso uma validação de suas reivindicações perante a Corte Internacional de Justiça.
Por outro lado, Dani Dayan, presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem, em Jerusalém, condenou veementemente as palavras de Lula, classificando-as como uma mistura de ódio e ignorância, e uma clara expressão de antissemitismo segundo os padrões da Aliança Internacional de Memória do Holocausto.