Uma operação foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) no início da manhã desta quinta-feira (25/1), tendo como alvo o deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem (PL-RJ). A Operação Vigilância Aproximada investiga Ramagem, também delegado da PF, e outros policiais federais suspeitos de participar de uma ‘organização criminosa’ na Abin, acusada de supostamente monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas através do software espião FirstMile.
As acusações apontam que Ramagem autorizou esses monitoramentos sem a devida fundamentação técnica. No total, a PF executa 21 mandados de busca e apreensão e impõe medidas cautelares, incluindo a suspensão imediata de funções públicas de sete policiais federais.
As buscas ocorrem em diferentes localidades, com 18 mandados em Brasília, um em Juiz de Fora, um em São João Del Rei, ambos em Minas Gerais, e um no Rio de Janeiro. Esta ação é uma extensão da Operação Última Milha, iniciada em 20 de outubro de 2023.
Evidências coletadas pela PF indicam a suposta criação de uma estrutura clandestina dentro da Abin, utilizando seus recursos e ferramentas para atividades ilegais, incluindo a produção de informações para uso político e midiático, visando benefícios pessoais e interferências em investigações policiais.
Os envolvidos estão sujeitos a responder por crimes como invasão de dispositivo informático, formação de organização criminosa e interceptação de comunicações sem autorização judicial ou com propósitos ilegais.
O software FirstMile, objeto central da investigação, é capaz de monitorar até 10 mil celulares anualmente, bastando inserir o número do alvo. O software também gera históricos de deslocamento e alertas em tempo real. A investigação sugere que o sistema de geolocalização da Abin é intrusivo e compromete a infraestrutura crítica da telefonia brasileira, com invasões repetidas na rede, utilizando-se de recursos públicos para tal fim.
