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Relatório da Defensoria Pública revela grande atraso e falhas graves no atendimento de Cleriston Pereira


Um relatório divulgado pela Defensoria Pública do Distrito Federal revelou detalhes preocupantes sobre a morte de Cleriston Pereira da Cunha, detento na Papuda, ocorrida em 20 de novembro. Testemunhos de outros presos apontaram atrasos e falta de equipamentos adequados no atendimento médico de emergência. Cleriston, que morreu de mal súbito durante o banho de sol, só foi atendido após 40 minutos, durante os quais foi reanimado por dois colegas de prisão, um médico e outro dentista.

Os relatos indicam que a única assistência médica disponível inicialmente foi uma médica equipada apenas com um estetoscópio e um aparelho de aferir pressão, equipamentos considerados inadequados para a gravidade da situação. Além disso, foi mencionado que Cleriston havia solicitado ou recebido atendimento médico por mais de 10 vezes durante o período em que esteve preso.

O relatório da Defensoria também destacou que no dia da morte de Cleriston, havia menos servidores no local devido a um ponto facultativo no Governo do Distrito Federal, e o setor de saúde do presídio estava fechado. Outras circunstâncias apontadas incluíam restrições de visitas e o impacto emocional de Cleriston, que sofria de diabetes e problemas cardíacos, além de estar abalado pela separação de sua família.

A situação ganha contornos ainda mais dramáticos com a revelação de que o atendimento médico efetivo chegou somente após cerca de quarenta minutos, momento em que Cleriston já havia falecido.

Trecho do Relatório:

“Os presos, em uníssono, por sua vez, disseram às duas Defensoras Públicas presentes que o atendimento ao preso foi demorado. Que não havia desfibrilador no local, tampouco cilindro de oxigênio.

Contaram que estavam reunidos no pátio, durante o banho de sol, quando Sr. Cleriston Pereira da Cunha começou a passar mal. Contaram, ainda, que a policial penal, que tomava conta deles, entrou em desespero por não saber como apoiar e passou a enviar mensagens, solicitando ajuda. Informaram que os próprios colegas de ala tentaram reanimá-lo, pois um deles é médico ************ e o outro é dentista ************, oportunidade em que o senhor Cleriston conseguiu, por duas vezes, respirar. Depois de, aproximadamente, vinte e cinco minutos, apareceu uma médica com estetoscópio e aparelho para medir pressão arterial, instrumentos inadequados para a urgência médica.

No dia do óbito, foi ponto facultativo no Governo do Distrito Federal, o que levou a ter menos servidores no local que o habitual e o GEAIT (área da saúde do presídio) estava fechado.

Contaram ainda que, na quinta feira anterior (16/11/2023), as visitas dos familiares que eram do sexo masculino não ocorreram e apenas os familiares do sexo feminino puderam entrar, mas não souberam informar os motivos da restrição. Muitos familiares dos presos tiveram gastos com passagens e estadia em vão, pois vieram para ver seus parentes e não conseguiram vê-los. O irmão do Sr. Cleriston Pereira da Cunha veio da Bahia, em 16.11.23, mas teve que voltar sem conseguir falar com o irmão.

Contaram, ainda, que o senhor Cleriston tinha histórico de diabetes e problemas cardíacos e estava muito entristecido com sua situação de preso e distante da família. Acrescentaram que, quando Sr. Cleriston Pereira da Cunha foi preso, ele foi levado algemado e desmaiado; que ele demorou muito tempo para receber os medicamentos que precisava tomar; que desmaiou várias vezes. Por mais de 10(dez) vezes foi atendido ou pediu atendimento médico, ao longo do tempo em que passou preso. Era levado ao “coró”, por vezes vomitava, depois se sentia melhor e era devolvido à cela. Estava tão fragilizado que, algumas vezes, era levado com ajuda dos colegas ao banho de sol, já que há uma regra no presídio que nenhum preso pode ficar sozinho na cela enquanto os outros vão ao banho de sol.

Por fim, destacaram que somente depois de, aproximadamente, quarenta minutos, o atendimento médico que poderia efetivamente salvá-lo chegou, mas o Sr. Cleriston Pereira da Cunha já havia falecido. Frisaram que, no dia 20.11, Sr. Cleriston Pereira da Cunha acordou bem.”




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