PT já faz articulações internas para sucessão de Lira na presidência da Câmara
A antecipação da corrida pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara, em 2025, já está causando agitação tanto no governo quanto no Partido dos Trabalhadores (PT), que busca evitar um acordo prematuro que possa prejudicar sua posição em relação a outras legendas. Isso acontece após petistas demonstrarem apoio a dois dos principais pré-candidatos à liderança da Câmara: Elmar Nascimento (União-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Nos últimos dias, deputados do PT de São Paulo tiveram encontros em Brasília com Pereira e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Republicanos. Ao mesmo tempo, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), viajou para países asiáticos com Elmar e Lira.
Vice-presidente do PT, o deputado Washington Quaquá (RJ) chegou a afirmar em uma entrevista ao jornal português “Correio da Manhã” que o partido não terá um candidato próprio e elogiou Pereira, descrevendo-o como alguém “de muita confiança”. Na mesma entrevista, ele enfatizou a necessidade de o PT estar alinhado com Lira. Atualmente, Elmar é visto como o nome mais próximo do atual presidente da Câmara e sua escolha pessoal como sucessor.
No entanto, um dia depois das declarações de Quaquá, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), desautorizou as ações de petistas e mencionou a possibilidade de o partido lançar uma candidatura própria, algo que não ocorre desde 2015, quando o PT foi derrotado por Eduardo Cunha, à época no MDB.
Esse episódio fez o PT reconsiderar sua estratégia e buscar alianças com aliados na corrida legislativa. No entanto, Gleisi está tentando garantir um preço mais elevado por esse apoio, afirmando que o PT ainda está em discussões com seus parceiros sobre a melhor estratégia a ser adotada.
Do lado dos governistas, há crescente desconforto em relação a essas movimentações. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), criticou a antecipação das campanhas para a sucessão de Lira, afirmando que isso não foi benéfico para ninguém e que as negociações deveriam esperar um tempo adequado.
Alguns membros do PT reconhecem que houve erros no início do ano, quando o partido se aliou à candidatura de Lira antes que um candidato mais alinhado ao governo pudesse demonstrar viabilidade na disputa pela presidência da Câmara. Isso resultou em um papel secundário para o PT, incluindo a ocupação de um cargo desproporcional na Mesa Diretora. Agora, a ideia é assegurar um acordo mais vantajoso para 2025, como o controle de comissões importantes e um cargo relevante na Mesa.
Além de Pereira e Elmar, o deputado Antonio Brito (PSD-BA) também está se movimentando para suceder Lira e busca o apoio do Palácio do Planalto. Enquanto isso, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) faz movimentos discretos em busca de espaço. Nos bastidores, o líder do União Brasil é mencionado como “o nome de Lira para a sucessão”.
Integrantes do União Brasil, no entanto, acreditam que o Palácio do Planalto dificilmente apoiaria Elmar, devido à sua postura independente em relação ao governo. Por sua vez, petistas argumentam que não podem apoiar um candidato sem chances de vitória e que não pretendem lançar uma candidatura própria se isso resultar em isolamento na Câmara. Alguns membros do PT consideram um erro a aliança com o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) contra Lira em 2021, o que causou insatisfação entre Pereira e Elmar, que apoiaram Lira após serem preteridos por Maia.