Ministros do STF pressionam Governo Lula após aprovação da PEC que limita decisões monocráticas
A aprovação no Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita decisões monocráticas do Supremo Tribunal Federal (STF) gerou uma reação intensa entre seus membros. Em resposta, o presidente Lula sinalizou aos ministros do STF que pode nomear Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República e Flávio Dino, atual Ministro da Justiça, para suceder Rosa Weber na Corte. Esta movimentação é vista como um esforço para suavizar as tensões entre o governo e o Supremo, em meio à crise instigada pelo Senado. A base do PT, entretanto, resiste a essas indicações, temendo que elas fortaleçam ainda mais a influência do STF.
Lula discutiu as possíveis nomeações de Gonet e Dino em um jantar com os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Alexandre Zanin, conforme reportagens de O Globo e O Antagonista. Durante o encontro, que durou cerca de duas horas no Palácio da Alvorada, os ministros reclamaram da atuação do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), na votação da PEC, interpretando o voto de Wagner como um endosso do Palácio do Planalto à proposta. Lula, surpreso com a ação de Wagner, afirmou que também foi “pego de surpresa”.
Ao longo do dia, os ministros enviaram mensagens ao Palácio, sentindo-se “traídos” pelo Executivo, especialmente após os eventos de 8 de janeiro. Eles apontaram que o STF havia tomado decisões favoráveis ao governo Lula, mas não recebia o mesmo apoio em retorno. Além disso, os ministros salientaram problemas de articulação política do governo Lula, com o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, apontando falhas na comunicação entre o Tribunal e o Planalto.
Lula, durante o jantar, indicou aos ministros que as nomeações de Dino e Gonet podem ocorrer em breve, embora uma data específica ainda não tenha sido estabelecida. A indicação de Gonet seria um agradecimento de Lula a Gilmar Mendes pelos “serviços prestados” contra a Operação Lava Jato.