À PF, defesa de Bolsonaro levanta dúvidas sobre jurisdição do STF
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília, mas se absteve de prestar o depoimento esperado na investigação relacionada a um grupo de empresários suspeitos de circular mensagens “de teor golpista” no grupo do WhatsApp “Empresários & Política” em 2022.
Falando com a imprensa do lado de fora da sede da Polícia Federal, o ex-presidente informou aos jornalistas que seus advogados optaram por “apresentar defesas por escrito à Polícia Federal, exercendo o direito de permanecer em silêncio.”
Bolsonaro argumentou que os fatos investigados eram atípicos e questionou a jurisdição do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o caso. Ele enfatizou que a estratégia de defesa era contestar a jurisdição do Tribunal.
Além disso, o ex-presidente destacou que havia sido incluído na investigação meses depois devido a uma mensagem que enviou ao empresário Meyer Nigri.
“Estou aqui hoje por causa da investigação conhecida como o ‘caso dos empresários’. Certo? Fui incluído nela vários meses depois, devido a uma mensagem que eu havia passado, especificamente para Meyer Nigri, um empresário em São Paulo que conheço desde antes das eleições de 2018,” afirmou.
Bolsonaro afirmou que as mensagens que ele enviou continham principalmente conteúdo da mídia. Ele observou que sua equipe jurídica pretendia apresentar defesas por escrito e continuar questionando a competência do STF.
O ex-presidente também expressou apoio ao dono da Havan, Luciano Hang, que também está sendo investigado no caso.
“[…] As investigações tinham como objetivo censurar Hang. Isso é mais um fato que mostra, no mínimo, a parcialidade com que as eleições do ano passado foram conduzidas,” declarou.
Em resposta a perguntas sobre o comunicado feito pelo ex-auxiliar da Presidência, Mauro Cid, Bolsonaro afirmou que não teve acesso ao seu conteúdo. Ele admitiu discussões sobre as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas negou qualquer intenção de um golpe.
A investigação do grupo de empresários faz parte da apuração das milícias digitais, iniciada no STF sob a jurisdição do ministro Alexandre de Moraes.
Em uma decisão que prorrogou a investigação, o juiz afirmou que “o relatório da Polícia Federal confirmou sua existência.”
Em agosto, Moraes encerrou a investigação contra outros seis empresários envolvidos no caso:
Afrânio Barreira Filho, proprietário da rede de restaurantes Coco Bambu
José Isaac Peres, proprietário da rede de shoppings Multiplan
José Koury Junior, proprietário do shopping Barra World no Rio de Janeiro
Ivan Wrobel, da construtora W3 Engenharia
Marco Aurélio Raymundo, proprietário da marca de roupas Mormaii
Luiz André Tissot, do Grupo Sierra, uma empresa do Rio Grande do Sul especializada na venda de imóveis de luxo.