Diretor da USP compara “punhet@ç0” dos alunos de medicina com a direita bolsonarista
O diretor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) da USP, Paulo Martins, 61 anos, está no centro de uma greve que eclodiu entre alunos e agora envolve professores e funcionários. A motivação: a falta de docentes e o cancelamento de disciplinas.
Em resposta a tentativas de ocupação de salas pelos estudantes na última segunda-feira (18), Martins ordenou o fechamento dos prédios da FFLCH. Ele justificou à Folha de S.Paulo: “soube dos planos dos alunos e temi pela destruição dos edifícios”. E acrescentou, “poderia ser acusado de prevaricação caso ficasse inerte”.
Apesar de reconhecer que pode ter tido reações exaltadas, Martins é firme ao afirmar que não fará retratações. “É meu dever zelar pelo patrimônio público”, acentua.
Com raízes no movimento estudantil e filiado ao PT, o diretor critica as ações recentes dos estudantes: “Aqui [na USP], meninos de esquerda usam as mesmas armas da direita bolsonarista”, e acrescenta, “Na minha época, greve era discursiva, não física.”
O fechamento da FFLCH levou a um confronto direto entre Martins e os estudantes. O diretor, ao retornar à faculdade após ser informado de possíveis invasões, encontrou-se no meio de hostilidades. “Quando me viram, começaram a gritar: ‘Paulo Martins, vai se foder. A FFLCH não precisa de você'”, relata. Ele admite ter respondido de forma acalorada a um líder do movimento.
Martins enfatiza a magnitude de sua responsabilidade, citando os números da faculdade, e lamenta a atual situação, mencionando a “cultura do cancelamento”.
Sobre as reivindicações por mais professores, a USP tem divulgado constantes atualizações. Desde 2022, 879 vagas foram abertas, 70 direcionadas à FFLCH, que já realizou dez concursos. Martins esclarece o processo interno de atribuição das vagas e destaca sua intenção de realizar os 60 concursos restantes até o final de seu mandato.
Para ele, a atual greve parece ser mais um reflexo de uma questão geracional. Reconhecendo sua própria trajetória, Martins conclui: “Eu também já fui assim. Eu entendo. Só não pode mandar o professor tomar no c*.”