Delgatti sofre nova condenação por calúnia contra procurador
Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, foi sentenciado a 1 ano, 1 mês e 10 dias de prisão pela 1ª Vara Federal de Araraquara, sob a acusação de calúnia contra o procurador Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba. O réu, que tem a opção de apelar da decisão, enfrentará seu tempo inicial no regime semiaberto, conforme delineado na entrevista à revista Veja datada de 13 de dezembro de 2019.
Nessa entrevista, realizada pelos jornalistas Thiago Bronzatto e Robson Bonin, Delgatti acusou Paludo, sem provas, de envolvimento em corrupção passiva, alegando a existência de uma gravação onde Paludo “está aceitando dinheiro do Renato Duque”, o ex-diretor da Petrobras e condenado na Lava Jato. A interpretação das mensagens, no entanto, foi contestada pelo Ministério Público Federal (MPF), que alegou se tratar de uma negociação para delação premiada e a restituição de valores ao erário público.
Além disso, o MPF destacou que Delgatti tentou, disfarçado de jornalista, endossar suas alegações de irregularidades por Paludo ao procurador Danilo Dias e, em uma tentativa posterior, como o conselheiro Marcelo Weitzel Rabello de Souza do CNMP, ao procurador José Robalinho Cavalcanti, então presidente da ANPR. O trecho destacado pelo MPF menciona: “Não logrando sucesso em seu intento, o hacker ainda, simulando ser o Conselheiro do CNMP, por meio da captura de sua conta, enviou o mesmo áudio ao Procurador José Robalinho Cavalcanti, então presidente da ANPR”.
Após uma análise minuciosa, a Corregedoria-Geral do MPF garantiu a integridade dos procedimentos dos agentes ministeriais envolvidos, desacreditando as afirmações de Delgatti. Em um excerto, o órgão afirma que “os informes prestados demonstram o equívoco dessa afirmação, trazendo, a lume, a lisura da postura dos agentes ministeriais nas investigações”.
No tribunal, a defesa de Delgatti reconheceu o erro na análise do áudio, descrevendo-o como “um documento fora de contexto, mal compreendido que ensejou a percepção falsa do réu”. No entanto, a 1ª Vara Federal sublinhou a responsabilidade de Delgatti por potencialmente manchar a reputação de Paludo, tendo em vista a ausência de verificação cuidadosa das informações. Além disso, a reincidência e a gravidade da calúnia obstruíram a possibilidade de trocar a sentença de prisão por penas alternativas.
Paralelamente, Delgatti se encontra imerso em outras investigações controversas. Ele alega ter sido contratado pela deputada Carla Zambelli para comprometer a segurança dos sistemas do CNJ e das urnas eletrônicas. Além disso, afirma que Jair Bolsonaro prometeu um indulto em troca de criar desconfiança sobre os resultados das eleições de 2022 e assumir a responsabilidade por uma escuta ilegal envolvendo Alexandre de Moraes, ministro do STF e presidente do TSE. Em resposta, Bolsonaro iniciou uma ação legal contra Delgatti por calúnia.