Revelado valor das ‘pedras preciosas’ presenteadas ao casal Bolsonaro em 2022
Parlamentares da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do 8 de janeiro estão solicitando que a Procuradoria-Geral da República (PGR) busque informações acerca da origem e destino de pedras preciosas recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no fim de outubro do último ano em Teófilo Otoni (MG).
De acordo com documentos em posse da CPI, houve uma troca de e-mails entre ajudantes de ordens da Presidência, que aponta que Bolsonaro teria supostamente recebido pedras preciosas destinadas à ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante uma visita à referida cidade.
Nestes documentos, o ex-assessor Cleiton Henrique Holzschuk reporta que, por solicitação do tenente-coronel Mauro Cid, um dos principais auxiliares de Bolsonaro, “as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]”. Holzschuk acrescenta em seu relatório: “Foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR [presidente] e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD [primeira-dama], recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/22”.
Os parlamentares enviaram à PGR um documento no qual questionam se o ex-presidente cometeu o crime de peculato, dado que as pedras preciosas não aparecem na lista de 1.055 itens que ele recebeu oficialmente durante seu mandato de quatro anos. “Sabe-se que, no dia do recebimento, a 4 dias do segundo turno das Eleições Presidenciais de 2023, Bolsonaro estava fazendo campanha em Teófilo Otoni”, declara o texto do pedido de investigação. E questiona: “quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”
O advogado Josino Correia Junior, residente em Teófilo Otoni, alegou à Folha que ele foi quem presenteou Bolsonaro durante a visita do então candidato à reeleição. “São pedras semipreciosas. Comprei na véspera da vinda dele à cidade. Custaram R$ 400“, afirmou Correia.
Por sua vez, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ), que trouxe o tema à tona na CPI, argumenta que o e-mail menciona “pedras preciosas”, e não “semipreciosas”, e que não há garantias de que sejam as mesmas pedras, nem de que o advogado esteja falando a verdade. “É o email de passagem de serviço dos ajudantes de ordem e um orientando o outro: não cadastre. Em 11 de novembro essa mensagem some. Ou seja, as pedras devem ter saído do cofre. Qual o destino? Não sei.”