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Moraes pediu ao Exército lista de todos que visitaram Mauro Cid na prisão, diz jornal


Ciente de que o caso pode complicar ainda mais a sua delicada situação jurídica, o ex-presidente divulgou uma nota, assinada por seus advogados, alegando que os achados da PF deixam claro que ele “jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado”. De fato, não foram encontradas até agora conversas de Bolsonaro com Mauro Cid, que, numa troca de mensagens, afirma a um colega militar que o então presidente só não agiu como eles esperavam porque não confiava no Alto-Comando do Exército.

Por enquanto, as evidências se concentram no ex-ajudante de ordens, que sofreu um novo revés no Supremo Tribunal Federal. Na última segunda-feira, 19, o ministro Alexandre de Moraes, responsável por investigações múltiplas sobre Bolsonaro e Mauro Cid no STF, impôs novas sanções ao tenente-coronel, que está preso desde maio acusado de fraudar cartões de vacinação. Em sua decisão, Moraes limitou as visitas ao militar, encarcerado em uma cela especial dentro de um batalhão do Exército em Brasília, e determinou que só podem visitá-lo a mulher, os filhos e o advogado. Todas as outras pessoas terão de pedir uma autorização prévia ao ministro, que passará a controlar o entra e sai do quartel. Informa a VEJA

 

Antes, as normas sobre visitas eram estabelecidas pelo próprio Exército e previam que cabia ao comandante do batalhão liberar a entrada. A mudança chamou atenção pelo fato de que até os pais de Cid, que o visitam com frequência, seriam obrigados a pedir autorização de Moraes para se encontrarem com o filho. A medida movimentou a Alta Cúpula do Exército, que negociou com Moraes e conseguiu a liberação de visitas para a mãe de Cid e também o pai dele, o general Mauro Lorena Cid, que foi colega de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras na década de 1970. Dias antes de tomar sua decisão, Moraes pediu a lista de todos os visitantes. Com as informações em mãos, o ministro decidiu alterar o formato por considerar que havia uma “excessiva quantidade” de pessoas se encontrando com o tenente-coronel.

Foram pelo menos setenta visitantes desde a prisão de Mauro Cid. Entre eles, familiares, militares de alta patente, colegas de turma e pessoas próximas a Jair Bolsonaro, como o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e o ex-vice-pre­sidente e agora senador Hamilton Mourão. O Exército garante que ninguém entrou sem se identificar.

À exceção da defesa, cujo acesso pode ser diário, as visitas a Cid são permitidas ao longo de três dias da semana, terças, quintas e domingos, das 13h às 17h. A rotina do militar ainda compreende um banho de sol de duas horas, período usado para musculação e corrida, e encontros com um psicólogo e um líder evangélico todas as quartas-feiras. A cela tem 20 metros quadrados e abriga cama, frigobar, televisão, armário, mesa e banheiro. É lá que ele faz as quatro refeições diárias. Pessoas que visitaram Cid afirmam que ele está constantemente usando farda e não deu sinais de que pretende delatar ou incriminar o antigo chefe. Enquanto torce para que a situação do ex-presidente se complique ainda mais, o governo Lula age para punir militares envolvidos em aspirações golpistas e, ao mesmo tempo, evitar uma crise com as Forças Armadas.




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