Janja tem poder de veto em decisões econômicas, sociais e até sobre a defesa, aponta Estadão
A atual primeira-dama está sendo considerada um obstáculo para um governo que enfrenta dificuldades na articulação política
Desde que Luiz Inácio Lula da Silva apresentou a socióloga Rosângela Silva, conhecida como Janja, como sua companheira ao sair da prisão em novembro de 2019, muitos correligionários do PT viram nessa ação um renovado impulso político para a corrida presidencial. No entanto, mais de três anos depois, a atual primeira-dama está sendo considerada um obstáculo para um governo que enfrenta dificuldades na articulação política, sendo essa crítica proveniente de antigos aliados do presidente, ministros e líderes partidários.
Figuras importantes do PT, incluindo senadores e deputados, afirmam que Janja se estabeleceu como uma figura influente entre o gabinete presidencial, a base aliada e os ministros. Durante a transição, ela tentou ser nomeada para um cargo no Palácio do Planalto. Contudo, assessores alertaram Lula de que tal ação configuraria “nepotismo”. Sem um cargo oficial, a primeira-dama estabeleceu-se em um gabinete próximo ao do presidente, expandindo, desde então, sua influência no governo.
Alegando desejar “redefinir” o papel da primeira-dama, Janja tem participado das reuniões do presidente com os ministros, impondo medidas para as áreas econômica, social e política, além de opinar sobre as relações com os militares e distanciar Lula de deputados e senadores.
O jornal Estadão constatou que a primeira-dama tem exercido influência em questões governamentais, em particular na publicidade, superando a mera opinião sobre campanhas e tendo poder de veto. Janja tem o poder de determinar alterações, substituições e até vetos em campanhas importantes. Se ela desaprovar, a propaganda simplesmente não prossegue.