Efeito Bolsonaro : O agro está mais forte na economia e no Congresso
força econômica do setor se transformou em uma força política capaz de derrotar o governo em votações importantes
Além do peso enorme do agro para as finanças do país, que já seria o suficiente para um presidente manter uma relação harmônica e produtiva com o setor, brigar com os empresários do campo não é um bom negócio em termos políticos. Ao longo dos anos, o setor se organizou no Congresso, criando uma bancada cada vez maior, mais coesa e organizada, que conta hoje com 300 deputados e quarenta senadores — 24% maior do que na legislatura passada, esse efeito se deu conta pelo abraço que o setor recebeu do ex presidente Jair Messias Bolsonaro, levando ao agronegócio investimentos e politicas publicas.
Em seu terceiro mandato, Lula, que sofre para formar uma base política no Congresso, já trombou com essa força logo no início do mandato. Contra a vontade do governo, a bancada ruralista se mostrou fundamental na aprovação do marco temporal na Câmara (que limita as demarcações de terras indígenas) e atuou para retirar funções estratégicas para o setor, como o Cadastro Ambiental Rural e a Agência Nacional de Águas (ANA) e a criação de reservas indígenas, da alçada de pastas comandadas por ministros considerados hostis como Marina Silva (Meio Ambiente) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas). Antes, a bancada já havia sido decisiva ao impor a CPI do MST, ferramenta que usará para pressionar o governo e inibir as ações do movimento dos sem-terra. Informa a Veja
A tentativa de armistício com o campo é mais do que necessária, tendo em conta a importância cada vez maior do setor para a economia do país. Na semana passada, o agro deu novas demonstrações de sua força e relevância: com um crescimento de 21,6%, puxou para cima o PIB do primeiro trimestre, que na média teve expansão de 1,9% acima do que se esperava.
Entre janeiro e abril, o campo foi responsável por 49% das exportações brasileiras, um recorde. A previsão é que a safra deste ano chegue a 302 milhões de toneladas de grãos, o que também seria histórico. O país é o maior exportador mundial de soja e de carne, o terceiro maior produtor de milho e feijão e o quarto maior produtor de alimentos do mundo — atrás de Estados Unidos, China e Índia (que pode superar em 2023). Nos três últimos anos, o agro foi responsável diretamente por 359 600 vagas de empregos formais, segundo estudo da FGV Agro. “O setor gera emprego e renda em áreas em que não se tem nenhuma outra atividade econômica”, diz o economista Felippe Serigati, coordenador do Mestrado Profissional em Agronegócio da FGV.