Anvisa não removeu o alerta sobre a vacina da Pfizer com a intenção de sabotar Bolsonaro, diz Folha de S. Paulo
Circula nas redes sociais um vídeo alegando que a Anvisa sobre efeitos colaterais vinculados à vacina da Pfizer contra a Covid-19 foi removido para sabotar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Durante o período eleitoral, uma providência legal existente desde 1997 para prevenir o abuso de poder de comunicação pública por incumbentes, a notícia discutindo relatos de miocardite e pericardite em vacinados com imunizantes mRNA foi retirada, porém, o documento técnico, datado de 2 de julho de 2021, manteve-se disponível.
Segundo o Projeto Comprova, o site da Anvisa publicou uma nota em 1º de julho de 2022 alertando que alguns textos seriam removidos durante o pleito, incluindo aqueles publicados antes desse período. O texto sobre a vacina da Pfizer foi um dos removidos, mas reapareceu em 8 de agosto, segundo “decisão da área técnica”, como indicou a agência. Durante o período eleitoral, a Folha localizou 12 registros da página na ferramenta Wayback Machine, uma ferramenta que arquiva páginas da web conforme estavam em datas específicas.
A autora do vídeo deturpa uma atualização feita na nota da agência. Em 7 de dezembro de 2022, a Anvisa adicionou uma explicação sobre o defeso eleitoral ao texto original de 2021 referente à Pfizer, esclarecendo por que foi removido temporariamente. Por causa disso, a “data de atualização” no topo do texto mudou para 7 de dezembro, criando a impressão de que o texto só foi recolocado nessa data.
O jornal Folha de S. Paulo contatou a Anvisa para confirmar se o conteúdo foi removido durante o período eleitoral, procurou versões arquivadas da nota e falou com os indivíduos apresentados no vídeo de desinformação. A autora do vídeo foi identificada, pois outro conteúdo postado por ela já havia sido verificado pelo Comprova.