MP dos Ministérios é aprovada, com muito sufoco, na Câmara
Planalto liberou R$1,7 bilhões de emendas parlamentares
Após um dia carregado de negociações fervorosas e mensagens diretas ao Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quarta-feira (31) a Medida Provisória de reestruturação dos Ministérios, conquistando 337 votos a favor, contra 125, com uma única abstenção. Este resultado ocorre em meio à ameaça de ‘boicote’ por parte do Centrão e da bancada ruralista, que poderia levar a MP a caducar já nesta quinta-feira. No entanto, após o presidente Lula liberar emendas parlamentares no valor de R$ 1,7 bilhão, a MP foi aprovada.
A aprovação da MP segue a promessa do governo Lula de implementar uma reforma ministerial para atender os aliados, assim como garantir um processo menos burocrático para a liberação de emendas. A Casa Presidencial, temendo um resultado negativo, optou por apoiar publicamente o relatório do deputado Isnaldo Bulhões, que propõe alterações significativas no Ministério do Meio Ambiente e no Ministério dos Povos Indígenas, movendo, por exemplo, o Cadastro Ambiental Rural para o Ministério da Gestão e Inovação.
Durante as negociações, Lira expressou sua preocupação ao Planalto sobre as dificuldades na articulação política do governo. Existe um descontentamento entre os deputados com a atuação dos ministros Alexandre Padilha e Rui Costa, responsabilizados pelo atraso na liberação de emendas e cargos regionais. Lula foi informado sobre a intenção do PP de Lira de assumir o Ministério da Saúde, além da necessidade de maior atenção ao líder do União Brasil, Elmar Nascimento.
Neste cenário, os deputados pressionam Lula a reintroduzir as emendas do relator, anteriormente chamado de ‘orçamento secreto’. O governo já reservou R$ 9,8 bilhões do orçamento dos Ministérios para atender às demandas dos parlamentares, embora estes só possam indicar em projetos elaborados pelo Executivo. Os parlamentares desejam mais autonomia na escolha dos projetos financiados com recursos federais. Após as reuniões, Lira criticou abertamente o Palácio do Planalto, afirmando: “Temos feito o máximo na Câmara… A desorganização política do governo não deve recair sobre nós”.