Comboio do exército foi à sede da PF retirar Mauro Cid
A prisão do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, pela Polícia Federal (PF) gerou desconforto no Alto Comando do Exército. Fontes militares da reserva e da ativa, que preferiram não se identificar, relataram à Oeste e à Jovem Pan o desconforto em relação à forma como a PF conduziu a operação. Além disso, integrantes das Forças Armadas entendem que a escalada do Ministério da Justiça contra militares deve aumentar a temperatura na caserna.
Um coronel declarou que as Forças Armadas, alinhadas com o Ministério da Justiça e por instinto de sobrevivência, estão adotando uma estratégia de entregar os anéis para preservar os dedos. Ele se referia à operação que também resultou nas prisões de ex-seguranças de Bolsonaro: o ex-major do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros e o policial militar Max Guilherme. A lista dos incomodados inclui oficiais alinhados ao presidente Lula, que avaliam que o Ministério da Justiça e a PF desrespeitaram o Estatuto dos Militares.
Os militares se incomodam com o fato de o comandante do Exército, general Tomás Paiva, ter participado de um almoço com Lula no mesmo dia em que houve a operação da PF. “Faltou sensibilidade ao comando do Exército”, disse um general. “Isso gerou mal-estar na caserna.”
Segundo os militares, as cenas desta semana devem provocar o distanciamento entre os generais e as tropas. “Ninguém aceita submissão, omissão e covardia”, indignou-se um coronel. “O que todos concordam é que se hoje a imagem do Exército está ruim, a culpa é dos generais.”
A repercussão imediata dentro das Forças Armadas fez com que um comboio do exército fosse à sede da Polícia Federal para retirar Mauro Cid e levá-lo para outro lugar, do próprio exército, em Brasília.