PF ocultou operação que investiga ex-advogados de Adélio Bispo, diz Folha de S. Paulo
No dia 14 de março deste ano, a Polícia Federal cumpriu seis mandados de busca e apreensão em escritórios e casas de ex-advogados de Adélio Bispo de Oliveira, o agressor do então candidato à presidência Jair Bolsonaro em 2018. A ação fazia parte da Operação Habeas Pater, que investiga a suposta venda de sentenças por um desembargador do TRF-1 para beneficiar traficantes ligados ao filho de um dos advogados. No entanto, diferentemente do que costuma fazer em todas as operações, a PF escondeu essa informação.
Somente nesta quinta-feira (20), o jornal Folha de S.Paulo divulgou a notícia, acrescentando que um inquérito da PF apurou o pagamento de R$ 350 mil, realizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), a uma empresa do advogado Fernando Magalhães, que defendeu Bispo depois do crime.
O pagamento fracionado de R$ 315 mil é considerado auxílio prestado pela facção para o custeio dos honorários dos advogados do autor do atentado, lançando mão dos recursos movimentados pelo citado Setor das Ajudas do PCC, de acordo com a decisão do juiz Bruno Savino, que autorizou as buscas em 11 de novembro.
Os mandados foram cumpridos por policiais da Diretoria de Inteligência em Belo Horizonte e Juiz de Fora. O inquérito sobre o elo entre o PCC e a defesa de Adélio é conduzido pelo delegado Martin Bottaro, considerado um dos principais especialistas na facção criminosa.
Os celulares dos advogados e o material apreendido nas buscas confirmaram que os advogados de Adélio criaram um grupo no aplicativo WeChat, chamado “Adélio-PCC”, onde os defensores definiam estratégias jurídicas. Além disso, uma ligação do advogado com um suposto integrante da facção também faz parte da investigação.
Zanone Oliveira Junior e Fernando Magalhães, que defendiam Adélio, afirmam que não têm qualquer relação com o PCC. Zanone e seus sócios deixaram a defesa no final de 2019 e afirmam ter recebido R$ 5 mil de um patrocinador de quem nunca revelaram o nome.
Até então, dois inquéritos da PF concluíram que Adélio agiu sozinho, e a Justiça acatou laudos de insanidade mental, fazendo com que ele fosse considerado inimputável. Ele cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).