Abin enviou alertas sobre possibilidade de vi0lência em atos em Brasília no dia 6 de janeiro
Documentos obtidos pelo jornal Folha de S. Paulo revelam que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou autoridades desde 6 de janeiro sobre a possibilidade de ações vi0olentas e invasão a prédios públicos em manifestações marcadas para 8 de janeiro. Os alertas foram enviados ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e ao Ministério da Justiça, que negaram ter recebido os comunicados. Além disso, outros 13 órgãos foram informados, incluindo a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Os documentos enviados pela Abin à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional no dia 20 de janeiro mostram que os informes são mantidos em sigilo. Na Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça, quem recebeu os alertas ao menos desde 2 de janeiro foi a Diretoria de Inteligência. A partir do dia 6, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal também foram informadas.
A Abin enviou pelo menos três alertas diretamente para Gonçalves Dias, então ministro do GSI, desde o dia 6 de janeiro. A existência dos alertas foi revelada pela Folha em 9 de janeiro, mas os documentos agora obtidos mostram os destinatários, horários e a íntegra das informações repassadas pela agência de inteligência.
Os informes da Abin alertavam para o “risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”, a intenção de invadir o Congresso e o deslocamento de pessoas potencialmente armadas. Apesar dos alertas, os ataques ocorreram e não foi decretada a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), opção descartada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Flávio Dino (PSB), que assumiu o Ministério da Justiça.
Os alertas foram enviados também a outros órgãos federais, como o Centro de Inteligência do Exército, a Marinha, a Assessoria de Inteligência de Defesa do Ministério da Defesa, a ANTT, o Ministério da Infraestrutura e a Anatel. A partir do dia 6, no entanto, o GSI, a PF, a PRF e órgãos subordinados ao governo do Distrito Federal, como a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, também foram incluídos nos informes da Abin.