Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República, Controladoria-Geral da União e Receita Federal iniciaram, na manhã desta quinta-feira (9/3), a Operação Ptolomeu III com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa envolvida em corrupção e lavagem de dinheiro ligada à liderança do Governo do Estado do Acre. O esquema em questão ultrapassou um desvio de R$ 120 milhões.
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), que já foi investigado em fases anteriores da operação, terá vários bens confiscados pela polícia e deverá entregar seu passaporte em 24 horas. O governador foi notificado enquanto estava no condomínio Lake View, no Lago Sul, região nobre de Brasília.
Desde as primeiras horas da manhã, mais de 300 policiais estão cumprindo 89 mandados de busca e apreensão em diversos estados brasileiros: Acre, Amazonas, Goiás, Paraná, Piauí, Rondônia e Distrito Federal.
A investigação em questão está em andamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e é um desdobramento das fases I e II, deflagradas em 2021, quando foi descoberta uma organização criminosa liderada por políticos e empresários associados ao governo do Acre.
De acordo com a Polícia Federal, os envolvidos agiram para desviar recursos públicos e ocultar a origem e destino dos valores subtraídos por meio de lavagem de dinheiro. Na terceira fase da investigação, a Polícia Federal busca recuperar parte dos valores desviados dos cofres públicos.
O STJ decretou a indisponibilidade de cerca de R$ 120 milhões por meio do bloqueio de contas e sequestro de aeronaves, casas e apartamentos de luxo adquiridos em decorrência dos crimes. Além disso, a Corte determinou a suspensão das atividades econômicas de 15 empresas investigadas.
O STJ também decretou inúmeras medidas cautelares diferentes da prisão, incluindo a suspensão do exercício da função pública, proibição de acesso a órgãos públicos, impedimento de contato entre os investigados e proibição de saída do país, com entrega de passaportes em até 24 horas.
O nome da operação é uma referência ao apelido utilizado por um dos principais “operadores” do esquema criminoso e faz referência à cidade natal da maioria dos investigados. Ptolomeu foi um cientista, astrônomo e geógrafo grego que foi o primeiro a catalogar a constelação Cruzeiro do Sul em seu livro Almagesto, produzido no século 2.