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Fala de Lula sobre rever independência do Banco Central faz Bolsa brasileira despencar

A Bolsa caiu mais de 1,5% depois da fala de Lula e dólar subiu novamente com anúncio do aumento de empregos nos EUA


O Ibovespa operou em queda nesta sexta-feira, 03. Pela manhã, a bolsa brasileira oscilou bastante antes de começar a cair na parte da tarde.  Às 17h10, o índice registrava baixa de 1,63%, aos 108.341,26 pontos, após declarações do presidente Lula sobre revisar a autonomia do Banco Central.

Ao mesmo tempo, o dólar valorizou 1,77% frente ao real, sendo cotado a R$ 5,1402. Consequência da divulgação dos dados de emprego nos Estados Unidos, que apontaram a criação de 517 mil novos postos de trabalho. O indicador mostrou um crescimento acima do projetado pelo mercado norte-americano fazendo com que a cotação do dólar ganhasse força globalmente.

A alta da inflação é uma realidade tanto nos Estados Unidos como no Brasil, fazendo com que os Bancos Centrais de cada país definissem novas avaliações para as taxas de juros, com o Banco Central brasileiro mantivesse o patamar de 13,75% ao ano e o Federal Reserve Board (Fed) elevasse em 0,25% a taxa de juros norte-americana.

O presidente Luíz Inácio Lula da Silva manteve o discurso da campanha e criticou, na quinta-feira, 02, a independência do Banco Central que manteve a taxa de juros com altos índices. “Eu acho que eles os presidentes da Câmara e do Senado imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso”, complementou.

Na última reunião do Copom, realizada nesta semana, o comitê sinalizou a possibilidade de manter juros elevados no Brasil por mais tempo. “O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, avaliou o grupo.

O presidente da Confederação Nacional da indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, disse que o mercado já estava preparado para a taxa Selic nos 13,75% ao ano, mas que a expectativa do setor é pela redução e com isso, aconteça um incremento das atividades econômicas. “Há mais de um ano que a Selic se encontra em patamar alto o suficiente para inibir a atividade econômica e contribuir para a desaceleração da inflação. E a manutenção da taxa de juros vai intensificar essa desaceleração. Por isso, esperamos que o Copom inicie logo o processo de redução da Selic, para evitar custos adicionais à atividade econômica”, afirmou Braga de Andrade.

Para o economista e CEO da Arton Advisors, Bernardo Assumpção, a decisão do Copom demonstra uma preocupação com o cenário fiscal, causada por medidas do próprio governo. “Essa PEC de Transição é inflacionária, eleva gastos e pressiona o crescimento de forma artificial. O Banco Central exalta que fará o que for necessário e se manterá vigilante na condução da política monetária. Estamos longe de alcançar a meta da inflação, então não há a menor possibilidade de os juros caírem no curto prazo, certamente até metade do ano. Por enquanto, o Banco Central põe o pé no freio, mas não é suficientemente potente para desinflacionar a economia”, avalia.

 

 

 

 




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