A dívida pública brasileira tem sido um dos principais pontos de análise e avaliação para agências internacionais de classificação de risco. Em 2020, em decorrência das medidas emergenciais adotadas para combater a pandemia de Covid-19, a dívida pública do Brasil atingiu 87,6% do Produto Interno Bruto (PIB), atingindo seu maior nível histórico, segundo dados do Banco Central (BC). Entretanto, um ano depois, com a retomada da economia, esse indicador caiu para 80,4%, e a tendência era de que continuasse em queda, chegando a 78,3% até o final de 2030.
De maneira surpreendente, a relação entre a dívida pública e o PIB caiu ainda mais rapidamente nos últimos dois anos, resultando em um valor de 73,5% em 2022, o mais baixo desde julho de 2017, devido a resultados fiscais positivos das medidas adotadas pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo então presidente da República, Jair Bolsonaro.
No entanto, as projeções indicam um aumento crescente na dívida pública do país, podendo atingir um valor equivalente a 90,4% do PIB até o final da década, de acordo com a mediana das previsões coletadas pelo relatório Focus do BC. Para o final de 2023, o ponto médio indica uma dívida de 78,6% do PIB, mais de 5 pontos percentuais acima do nível do ano passado.
Além das mudanças políticas, muitos fatores impactaram a oscilação nas projeções da dívida pública do país. O cenário global favorável e a valorização de preços de commodities, especialmente o petróleo, aumentaram a arrecadação de tributos do governo, o que ajudou a melhorar os resultados fiscais nos últimos dois anos do governo de Jair Bolsonaro. O superávit primário obtido em 2022 e a contenção de despesas, que foram controladas por meio do teto de gastos, também contribuíram para a redução da dívida pública. Além disso, operações de swap cambial e valores devolvidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional também contribuíram para a redução da dívida pública.
A relação entre a dívida bruta do governo e o PIB é a principal régua utilizada para medir o endividamento público do país, sendo que o próprio crescimento da economia brasileira tem ajudado a reduzir esse indicador. O governo tem apresentado um novo arcabouço fiscal que promete ser apresentado até abril, o que pode ajudar a equilibrar a balança fiscal do país.