O governo da China intensificou ainda mais as ações repressivas sobre os meios de comunicação estrangeiros e a “mídia online não autorizada” pelo Partido Comunista Chinês (PCC), com punições aplicadas àqueles que desrespeitam a censura estatal.
Sob o argumento de preservar a “segurança ideológica”, o relatório publicado pelo Departamento Central de Propaganda de Beijing diz que tem feito “novos avanços” a fim de identificar e punir os autores do que o governo considera “fake news”.
A mídia estrangeira atuando no país também precisa seguir as diretrizes do PCC, com a promessa de que punições serão impostas a “organizações e pessoal da mídia que conduzem atividades ilegais no país em nome da mídia estrangeira”.
O documento destaca que já penalizou “sites comerciais, organizações de internet e contas públicas que relataram notícias ilegalmente”, com a exclusão de conteúdo censurado e o veto às notícias que supostamente tenham fins lucrativos.
“Mantivemos efetivamente a ordem na divulgação de notícias, protegemos ativamente os direitos e interesses do público e protegemos nossa segurança ideológica”, diz o relatório.
Para trabalhar como jornalista na China, é indispensável o credenciamento feito pela Administração Nacional de Imprensa e Publicações (NPPA, da sigla em inglês), o órgão de vigilância da mídia chinesa. Repórteres autônomos não têm direito à autorização, e aqueles que atuam sem ela são punidos.
A partir de 2023, obter a credencial vai ficar mais difícil. Beijing anunciou que os jornalistas locais serão submetidos a um teste para avaliar a lealdade ao governo e a compreensão dos ensinamentos socialistas defendidos pelo líder Xi Jinping. Profissionais de imprensa que não estiverem alinhados ao PCC poderão ter anuladas suas credenciais para o exercício da profissão.
Para exercer a profissão de jornalista é exigência estudar o marxismo, pois o governo chinês considera que todo profissional de mídia é parte do PCC, sendo dever de todos salvaguardar a autoridade do líder, funcionando como porta-voz do partido.
A China é considerada um dos países menos livres para a atuação de jornalistas, classificada em 175º lugar entre 180 no índice de liberdade de imprensa divulgado em maio do ano passado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras.
No ranking, o país está colado em Mianmar (176º), onde o golpe de Estado de fevereiro de 2021 atrasou a liberdade de imprensa em dez anos. Depois surgem Turcomenistão (177º), Irã (178º), Eritreia (179º) e Coreia do Norte (180º).