O economista-chefe do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, disse que a instituição está trabalhando “sob alta incerteza”, devido a uma série de fatores externos, como o fato de que a inflação varia muito entre os diversos países representados. Apesar da volatilidade do cenário, Lane defende que as taxas de juros precisam subir para que a inflação seja controlada.
“A abordagem mais prudente para lidar com a economia na Europa é observar as consequências do aperto econômico do ano passado para assim definir melhor o quanto as taxas de juros devem aumentar”, sentenciou Lane.
“O que esperaríamos para os próximos meses é o impacto das altas de juros ocorridas no ano passado sobre o investimento e o consumo. Por sua vez, isso nos ajudará a decidir com que intensidade os aumentos das taxas de juros estão afetando a economia real e a dinâmica da inflação”, comentou o economista.
Quando perguntado especificamente sobre onde a taxa de juros chegará no continente europeu, Lane respondeu que não tem como trabalhar com datas exatas no momento. Relembrando do quanto os preços de energia caíram em dezembro, devido aos eventos climáticos nas últimas semanas, Lane utilizou o caso como um exemplo da imprevisibilidade e um motivo pelo qual o BCE não pode cravar até onde as taxas terão de crescer.
Para o economista e CEO da OHMResearch, maior plataforma de análise de investimentos globais da América Latina,Roberto Attuch, “um ponto importante é o que a União Europeia vai fazer para combater a antifragmentação, que é o método de evitar que os spreads dos países da periferia, como a Itália, saiam do controle.”
Nesse comentário, o spread se refere à diferença dos títulos públicos vendidos pela Itália e pela Alemanha, que é a líder da Zona do Euro, e que é muito grande, colocando a administração da dívida italiana em risco – e, portanto, aumentando os riscos de uma crise generalizada.