Os investimentos no exterior cresceram 47,5% entre 2021 e 2022, segundo estatísticas do Banco Central. Muito brasileiros têm levado suas reservas para fora do país. Para a Avenue Securities LLC, corretora de valores mobiliários norte-americana, “o que está acontecendo agora é a continuação do amadurecimento do brasileiro como investidor. Se você pega o histórico desse amadurecimento, lá atrás o brasileiro só investia, basicamente, em imóvel e poupança. Depois disso, ele começou a se educar e passou a investir também em ações e tesouro direto e outros produtos mais sofisticados, por exemplo. O que está acontecendo agora é a continuação desse amadurecimento. É o investidor diversificar globalmente, ele perceber que ele ter um pedaço, um percentual do portfólio dele investindo fora do país é muito importante do ponto de vista de risco do portfólio dele, como um todo”.
O amadurecimento do investidor brasileiro demonstra uma mudança de mentalidade com foco em preservar o capital e manter uma diversificação global, mantendo parte da sua carteira de investimentos fora do país fazendo uma distribuição em múltiplos setores para evitar perdas.
A falta de confiança no mercado interno foi o que motivou o analista de sistemas Guilherme Araújo a investir todo o dinheiro dele no exterior. Ele começou a investir há seis anos depois da venda de um imóvel. No terceiro ano, começou a fazer aplicações no mercado externo. E, na transição de governo resolveu colocar 100% dos recursos nos Estados Unidos. “Investir no exterior dá essa confiança a mais de que órgãos regulatórios sérios, que realmente fazem o trabalho que precisa ser feito, isso dá mais confiança para o investidor”, diz.
De acordo com Araújo, investir em ações nos EUA não garante maiores lucros, mas ele acredita que o país seja mais estável economicamente: “A relação de ganho e perda, não há garantia nenhuma de que eu vou ter uma liquidez boa lá fora. Se eu não fizer o estudo adequado daquilo que eu estou investindo, assim como eu teria que fazer aqui dentro do Brasil, em qualquer papel que eu fosse investir, ganhar e perder é do jogo. É mais a questão de garantias e seguranças de que aquilo em que eu estou investindo vai continuar sendo meu, de certa forma”.
O PIB brasileiro representa menos de 2% do PIB mundial, as rendas variável e fixa brasileiras representam em torno de 1% – 1,5% destes mercados globais. Portanto, ao se limitar em Brasil, o investidor deixará de fora 98% das oportunidades disponíveis em todos os outros mercados.
O mais comum é investir onde se conhece e tem conforto, em marcas que se tem acesso e que já estão familiarizadas. Em geral, mercados de países consolidados e com histórico de pequenos investidores apresentam mais transparência às oportunidades, aos planos de expansão de cada empresa e dispõe de mais tecnologia para visibilidade dos relatórios e saldos.