Opinião
Ganhou a eleição, o próximo passo é o teatro das retaliações
Após as eleições de 2018 para o governo do Estado do Pará que, inclusive, o Helder Barbalho (MDB), ganhou a eleição foi possível identificar um projeto de poder que não permite apoio à gestão do presidente da República Jair Bolsonaro (PL); somente após as eleições pode-se fazer essa constatação, pois durante a campanha de 2018 atraiu o eleitorado majoritário de Bolsonaro com as promessas de um trabalho em parceria com o Governo Federal – o que não aconteceu, deixando claro que ele (Helder) tem um lado, e que esse lado é contrário a tudo que o atual chefe do Executivo valoriza, em especial, o que diz respeito às liberdades. Quatro anos se passaram e as cenas se repetem – quem não estiver ao lado Helder sofrerá retaliações.
Assim como nas cenas de teatro, Helder Barbalho respeita rigorosamente o roteiro, mas “até a página três”, pois usa da melhor performance para persuadir o público. Vale ressaltar que existe uma grande diferença entre persuadir e conquistar. Nas eleições deste ano, ainda em período de campanha, Helder mirou nas igrejas evangélicas, atraindo os pastores com mais uma das suas promessas duvidosas, além da estratégia sorrateira aliada ao total silêncio quando o assunto era à respeito do candidato à presidência, o petista Lula.
As eleições foi no domingo (2), e Barbalho se reelegeu. Já na terça-feira (4), declarou apoia a Lula neste segundo turno das eleições. A pergunta que não quer calar é: “as cenas se repetem e o povo paraense aprendeu?” O mais estarrecedor de tudo é também as resposta vindas das urnas, uma vez que ele (Barbalho) é reeleito com 70% dos votos, alcançando a maior votação do país entre candidatos a governos estaduais. Quatro anos de gestão de governo, marcado por escândalos de desvios de verbas públicas, comprovado pela Polícia Federal que o indiciou por conduta delituosa na compra de respiradores no período da pandemia da Covid-19, mas tudo isso não foi o suficiente para convencer os eleitores (é a conclusão que cheguei).
Ao jornal o Globo, Helder afirmou que vai a São Paulo para formalizar sua aliança com Lula assim que o MDB liberar os apoios de seus filiados. E os pastores evangélicos como reagiram diante disso? Alguns já começaram a dar as respostas e um acontecimento que foi um verdadeiro marco nesse sentido foi o encontro “Mulheres com Bolsonaro”, que contou com a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro e a senadora eleita no Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), em que marcaram presença e na linha de frente da organização do evento, as pastoras Patrícia Queiroz e Rebekah Câmara.
Um adento importante a ser feito é que, nas eleições em 2020, a pastora Patrícia Queiroz foi a vice-prefeita de José Priante (MDB), primo de Helder Barbalho, mas pelo visto a consciência de quem foi criada de acordo com o que prega o evangelho falou mais alto. Já a pastora Rebekah Câmara, chegou a declarar pelas redes sociais, por meio de um post, o apoio a quatro candidatos entre eles: deputado federal Raimundo Santos (PSD); deputado estadual Pr. Júnior Santos (PTB); senador Flexa (PT); governador Helder Barbalho (MDB); e presidente Jair Bolsonaro (PL). Opções partidárias no mínimo desconexas para atual conjuntura política polarizada, mas, enfim…
Imagino como deve estar a cabeça do pastor Josué Bengtson, que em fevereiro deste ano gerou polêmica ao declarar apoio à reeleição de Bolsonaro e também de Helder Barbalho. Pelas imagens e declarações publicadas nas redes sociais afirmou apoiar Bolsonaro.
E que caiam as máscaras enquanto há tempo! A verdade é que a inclinação de Helder em apoio a Lula causou constrangimento aos líderes evangélicos que tinham como mote “Helder governador e Bolsonaro presidente”, mas pelo visto estão despertando para as ameaças declaradas de um regime que faz oposição inclusive com os religiosos.
Nessa batalha contra principados cabe aos representantes evangélicos se posicionarem e cumprirem a missão de pastores que é cuidas das ovelhas de Cristo que lhe são confiada.
Teatro das retaliações
De acordo com informações da JCA News, o governador Helder Barbalho, persegue membros da Igreja Quadrangular que apoiam a reeleição do presidente Bolsonaro, culminando até na na exoneração da irmã da pastora Patrícia Queiroz. Coincidentemente, o fato ocorreu um dia depois da aparição da pastora Patrícia no evento com a primeira dama Michelle Bolsonaro e Damares Alves.
O veículo ressaltou ainda que a exoneração da servidora é um ato de retaliação à igreja e sinal de que Helder, agora eleito, vai passar por cima de tudo e de todos (inclusive aliados), na tentativa de eleger o candidato à presidência, o petista Lula.