Rede pública garante aulas para crianças hospitalizadas
Educação humanizada para garantir o estudo em dia e dar mais leveza à difícil rotina das crianças em hospitais da rede pública. Assim são as classes hospitalares, parceria da Secretaria de Saúde com a de Educação que disponibiliza professores aos hospitais para acompanhar os estudantes internados.
Atualmente, sete docentes são cedidos para as classes hospitalares: uma professora no Hospital da Região Leste (HRL, antigo Hospital do Paranoá), três no Materno Infantil de Brasília (Hmib). Os hospitais de Base (HBDF) e os regionais de Ceilândia (HRC) e de Sobradinho (HRS) terão uma professora cada.
As secretarias de Saúde e de Educação atuaram juntas durante muitos anos por convênio para manter as Classes Hospitalares. No ano passado, foi assinada a Portaria Conjunta nº 9, que prevê o atendimento educacional hospitalar e a destinação de até 15 professores para atuar onde exista pediatria.
“Queremos alcançar outros hospitais além dos que já têm atendimento, principalmente o Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB). A parceria prevê o envio de professores pedagogos, pois é voltada para crianças matriculadas na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental”, destaca a chefe da Unidade de Gestão Articuladora da Educação Básica da Secretaria de Educação, Iêdes Braga.
A portaria prevê atendimento das Classes Hospitalares nos hospitais regionais da Asa Norte (Hran), de Taguatinga (HRT), de Ceilândia (HRC), do Gama (HRG), de Planaltina (HRPl), de Sobradinho (HRS), de Brazlândia (HRBz), de Samambaia (HRSam), além do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), Hospital da Região Leste (HRL) e Hospital da Criança de Brasília (HCB). O envio de professores é feito de acordo com a demanda à Secretaria de Educação.
No Hmib, a Classe Hospitalar funciona há mais de quatro décadas. Antes da pandemia, as aulas eram oferecidas em uma sala de aula, repleta de material didático e pedagógico, para deixar as crianças bem à vontade.
“Passar por um tratamento de saúde durante a infância não é nada fácil. Além de o hospital ser um ambiente hostil para a criança, muitas vezes, o diagnóstico requer uma internação mais prolongada, podendo causar prejuízo na vida escolar”, explica Caren Queiroz, uma das professoras da Classe Hospitalar do Hmib.
Com o início da pandemia, as aulas foram suspensas por três meses. Quando foram retomadas, o acompanhamento passou a ser nos leitos, de maneira individual, tendo em vista que o Hmib também atende crianças com covid-19. Em um primeiro momento, as três professoras que atuam ali conversam com a criança e com a família para identificar qual é a série do estudante, onde estuda, e planejar a rotina junto à família, respeitando o quadro clínico.
A professora Érika Gomides, também da Classe Hospitalar do Hmib, destaca que o atendimento contribui para o retorno à rede regular de ensino. “O tempo de internação, às vezes, pode ser muito longo. Também há crianças com doenças crônicas, que voltam para internação com frequência. Fazemos um trabalho com a família e a escola para que essa criança não perca o ano e não desista de aprender, mesmo passando por um momento de dificuldade”, diz a educadora.
Maria de Jesus Souza é mãe do Cristian, 8 anos. Ela se surpreendeu com a rapidez das professoras em dar suporte ao filho, internado há uma semana no Hmib. “Achei maravilhoso, pois assim ele não ficará atrasado nem acumulará atividades para fazer quando receber alta”.
Brinquedoteca
No Hospital da Região Leste, a pedagoga Amanda Cruz é quem comanda a Classe Hospitalar. Ela passa nas enfermarias pediátricas e conversa com as famílias para pegar contato das escolas e receber atividades.
“Trabalhamos não só o ensino pedagógico, mas também o lúdico e isso faz com que a criança fique feliz, tirando o foco da dor e do tratamento. As crianças ficam mais contentes, animadas e têm até alta precoce em alguns casos”, observa a professora. As aulas voltarão a ocorrer de maneira coletiva a partir da próxima semana na brinquedoteca do hospital, como era antes da pandemia. Na beira do leito, serão atendidos somente os estudantes com alguma dificuldade de locomoção.