Moro voltar a afirmar que Bolsonaro interfere na PF: “Não se vê mais ninguém sendo preso”
O ex-juiz e presidenciável, Sergio Moro (Podemos), voltou insinuar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) de interferir na autonomia da Polícia Federal (PF).
“A Polícia Federal não tem hoje a mesma autonomia que tinha na época da Lava Jato. Tanto que as operações de investigação por crimes de corrupção caíram abruptamente e praticamente não se vê mais ninguém sendo preso. Isso por conta em parte do presidente da República, que não dá essa autonomia, e porque há esse clima desfavorável de investigações de corrupção, um clima de intimidação, que vem de parte de outros Poderes”, acusou Moro em entrevista ao jornal O Estadão.
O ex-ministro também afirmou que não se arrepende de ter assumido o Ministério da Justiça e Segurança Pública pois se manteve “fiel ao meu projeto, princípios e valores”, porém disse ter “muito orgulho de ter deixado o governo” e que essa foi “a melhor decisão” tomada pelo candidato do Podemos.
“Eu tinha razões para permanecer. Não podia deixar o governo antes de o projeto anticrime ser votado. A Câmara inseriu modificações que pioraram o projeto e resolvi ficar até o veto presidencial. Foi um dos momentos no qual o presidente traiu o país e deixou de vetar alterações desse projeto que eram contrárias às suas promessas eleitorais”, afirmou o ex-ministro.
“Já naquele momento o presidente havia feito movimentos para interferir na Polícia Federal e eu falei, inclusive expressamente, ao diretor da polícia que eu havia nomeado, mais ou menos os seguintes termos: ‘Não tenhamos ilusão, o governo não tem compromisso com essa pauta, mas agora nosso dever é permanecer para proteger a Polícia Federal’. Toda a minha permanência a partir de dezembro se explica principalmente por esse motivo”, concluiu.