Moro mira no público evangélico que Dallagnol vem buscando influência desde 2015
O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (Podemos), pré-candidato à Presidência da República, estuda apresentar uma carta ao público evangélico na tentativa de angariar apoio para as eleições, que ocorrem em outubro. O texto é elaborado pela equipe do ex-juiz.
O texto que deve ser apresentado em fevereiro, entre os principais pontos, fará críticas à chamada ideologia de gênero, ao aborto e divulgação de postulantes a cargos públicos nas igrejas.
Na mensagem, o ex-juiz da Lava Jato deve defender, também, a valorização da família e do enfrentamento à corrupção, um dos temas centrais de sua pré-campanha presidencial. Moro avalia, ainda, o combate ao discurso de ódio e a defesa da liberdade de expressão.
Planejamento
O procurador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol, usou grupos de igrejas evangélicas para aumentar sua influência, com teor político, conforme conversas rackeadas e mostradas na “Vaza Jato”.
Dallagnol é membro da Igreja Batista do Bacacheri, em Curitiba, e teria usado a religião para aumentar sua influência política, na época de olho em candidatura ao Senado, mesmo tendo recusado a disputar as eleições. O espaço de grupos evangélicos já estava sendo usado pelo coordenador da força-tarefa para adquirir apoio à Lava Jato desde 2015, mostram as mensagens.
Mas no ano da disputa eleitoral em 2018, quando Jair Bolsonaro venceu o cargo da Presidência com amplo apoio das igrejas, Dallagnol participou de, pelo menos, 18 encontros com evangélicos, além da igreja, incluindo reuniões e palestras, em somente 3 meses, o que equivale a uma reunião por semana.
O procurador teria escolhido permanecer na Lava Jato justificando que, caso contrário, haveria “riscos concretos à causa anticorrupção”. Mas não negou disputar as eleições: “Tenho apenas 37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado”, disse em mensagem escrita em janeiro de 2018, em mensagem enviada para si mesmo no Telegram. E, na sequência, admitiu que precisaria atuar politicamente para “aumentar a influência” e para isso, atuaria em “grupos de ação cidadão em igrejas e viagens”. Também “tem um risco de CNMP, mas é pagável”, ao se referir a possíveis sanções do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), escreveu.
Lembrando que o compromisso dos membros do Ministério Público “atuar com imparcialidade no desempenho das atribuições funcionais, não permitindo que convicções de ordem político-partidária, religiosa ou ideológica afetem sua isenção”.
Tais reuniões com pastores e palestras dentro da Igreja ou de eventos da Igreja foram registradas nas mensagens do Telegram de Dallagnol com o pastor Marcos Ferreira, e no grupo “Novas Medidas – A Grande Chance”, de palestras.