Custo de vida ficou 11,38% maior para os mais pobres em São Paulo
Um levantamento da Fecomércio-SP aponta que o custo de vida ficou ainda maior justamente para os moradores que menos têm condições financeiras de suportá-lo. Na classe E, o aumento chegou a 11,38% no ano passado. O estudo também apontou que morar na região metropolitana de São Paulo ficou em média 10,02% mais caro em 2021.
A elevação média de 10% é a maior desde 2015, quando o custo de vida subiu 11,56%. O assessor econômico da Fecomercio, Guilherme Dietze, explica que os mais pobres gastam um percentual maior, de cerca de 70%, do orçamento familiar com os três itens que mais encareceram em 2021: alimentação, transporte (no qual entram os combustíveis) e habitação (que inclui a conta de luz). Para a classe A, eles representam 60%.
Dietze acrescenta que cada morador de uma cidade, dependendo de sua renda, hábitos de consumo e localização geográfica, sofre de maneira diferente com a inflação. Separados por classes sociais, os aumentos de preço naturalmente prejudicam mais as pessoas carentes, que dependem apenas de seus salários para garantir o consumo mensal.
Por isso tudo, dá para se entender por que o custo de vida para a classe A subiu 9,09% no ano passado, menos que os 11,38% da E, ou 2,29 pontos a menos.
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fechou 2021 com aumento de 10,06%.
De acordo com a Fecomércio-SP, a disparada do preço do petróleo no mercado internacional impactou fortemente os combustíveis e seus derivados, contribuindo para que o grupo de transportes registrasse aumento de 20,61% no ano passado. O etanol subiu 63,70%; a gasolina, 42,80%; e o óleo diesel, 41,43%.
O petróleo também influenciou os preços da habitação, com aumentos de 38,05%, no valor médio do gás de botijão, e de 23,26%, do encanado.
Em habitação, que teve a segunda maior variação no ano (12,67%), o valor da energia elétrica residencial, com alta anual de 25,82%, em razão da falta de chuvas e o do uso de usinas termelétricas, de custo mais alto, foi o principal vilão para o bolso dos consumidores de São Paulo.
O grupo alimentação, que tem maior impacto no custo de vida dos brasileiros, subiu 7,26%. O segmento foi prejudicado pelas elevações da conta de luz e dos transportes na cadeia produtiva, somadas ao aumento do custo no campo, desde o preço dos animais (no caso das carnes), passando pela alta na ração e nos fertilizantes.
Embora a variação em alimentos tenha sido menor do que a de 2020 (10,90%), o impacto para o consumidor teve peso importante, sobretudo pelo aumento de 10,07% nas carnes, 13,25% na farinha de trigo e 10,22% nos leites e derivados.