Cientistas discutiram hipótese do vírus da Covid-19 ter sido “fabricado” na China
E-mails divulgados pelo Comitê de Supervisão e Reforma dos Republicanos no Congresso dos EUA mostram que o conselheiro do presidente Joe Biden para covid, Anthony Fauci, teria evitado discutir a tese de que o novo coronavírus se espalhou a partir de laboratórios de Wuhan, na China.
O relatório (ACESSE AQUI) enviado pelos congressistas James Comer e Jim Jordan ao secretário de Saúde e Serviços Humanos dos EUA, Xavier Becerra, na última terça-feira (11). Os documentos originais não foram fornecidos pelos congressistas, que divulgaram só as transcrições do que seria a troca de e-mails.
Em um dos e-mails, Fauci teria dito que os rumores são como “objetos chamativos que logo vão embora”. Em resposta ao médico e diretor do NIH (Instituto Nacional de Saúde, na sigla em inglês) Francis Collins, ele teria escrito em 17 de abril de 2020 que “não faria nada sobre isso agora”.
Antes, Collins pediu se havia algo que o NIH poderia fazer para encerrar os rumores de que a China teria criado e disseminado o vírus intencionalmente em um laboratório de Wuhan, o 1º epicentro da pandemia.
Ele cita uma reportagem da Fox News sobre o assunto – que foi tirada do ar. “Quero saber se há algo que o NIH pode fazer para ajudar a acabar com essa conspiração destrutiva que parece estar crescendo muito”, escreveu Collins. É então que Fauci sugere que não se fale sobre o assunto naquele momento.
O comitê diz que os e-mails foram enviados aos congressistas via requerimento à Lei de Acesso à Informação pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. As versões, porém, não estão disponíveis na íntegra: os e-mails foram transcritos antes de serem publicados. O motivo, segundo o comitê, é que os documentos só poderiam ser vistos diretamente por membros do Congresso, e não pelo público.
No relatório, Comer e Jordan afirmam que Fauci e Collins preferiram “esconder a verdade” sobre as origens do vírus na China. O comitê republicano pediu uma entrevista com Fauci para esclarecer os e-mails.
O QUE ESTARIA NOS E-MAILS
Eis o que consta nas versões transcritas de 8 e-mails vazados pelo comitê. Teriam sido trocados em 2 de fevereiro de 2020:
– O pesquisador britânico e diretor do Wellcome Trust, Jeremy Farrar, envia e-mail a Collins, Fauci e Lawrence Tabak, diretor interino do NIH. Segundo a transcrição, ele afirmou que Mike Farzan (pesquisador que descobriu o receptor SARS) identificou anomalias que dificultariam a transmissão do vírus de animais para humanos. Pergunta se os colegas conhecem o laboratório de Wuhan e diz que o vírus poderia ter sido liberado na natureza acidental ou naturalmente.
– Collins envia e-mail para Farrar, Fauci e Tabak. Diz que está perto de concluir que a “origem natural é a mais provável”. Cita como base os argumentos dos virologistas Ron Fouchier e Christian Drosten, e a necessidade de convocar especialistas. “Ou vozes da conspiração dominarão rapidamente, fazendo um grande dano potencial à ciência e harmonia internacional”, teria escrito, com base nas transcrições disponibilizadas pelo comitê.
– O biólogo britânico Andrew Rambaut agradece aos colegas por convidarem-no a integrar uma call sobre o tema. Diz que é cético em relação à “fabricação do vírus”, mas que não tem conhecimento sobre virologia laboratorial necessário para acrescentar sobre o assunto.
-Do ponto de vista evolucionista, porém, Rambaut teria dito que a transmissão de covid entre animais e humanos lhe parece “incomum”. Escreve também que só especialistas em Wuhan poderiam esclarecer o caso: “Se discutirmos as origens evolutivas da epidemia, acho que as únicas pessoas com informações suficientes ou acesso a amostras para resolvê-lo seria as equipes que trabalham em Wuhan”.
Ao jornal britânico The Telegraph, Comer afirmou que os e-mails não foram editados. “Mostram que especialistas como Fauci levaram a teoria do vazamento do laboratório de Wuhan muito mais a sério do que deixaram transparecer”, disse. Com informações do Poder360.