Cientistas brasileiros estudam na Antártica moléculas contra o câncer
Um grupo de pesquisadores do Distrito Federal, integrantes de um projeto na área de Biotecnologia, parte do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), buscam na Antártica entender quais composições genéticas possibilitam que musgos sobrevivam em um ambiente com temperaturas frias. O grupo iniciou estudos com vegetação do cerrado no início de 2018 e avançou para musgos antárticos em 2019. Esta é a segunda vez que os cientistas brasilienses vão à Antártica aperfeiçoar a pesquisa.
As descobertas de moléculas podem se transformar em matéria-prima para a produção de novos medicamentos contra o câncer, antibióticos e produtos que ajudam no combate ao envelhecimento.
“Algumas espécies de musgos em especial dominam mais o ambiente que outras, elas parecem mais adaptadas às condições hostis. Existem micro-organismos aqui que atacam essas plantas, mas elas conseguem combater infecções que podem ser causadas por bactérias e fungos da região”, detalha Ramada, que ressalta: a Antártica é o local mais extremo e isolado do planeta, com as menores temperaturas já registradas, os maiores níveis de incidência de raios ultravioleta e as mais velozes rajadas de vento.
A pesquisa brasiliense é focada, principalmente, nas espécieis Sanionia uncinata e Polytrichastrum alpinum. Os musgos são parentes próximos das primeiras plantas a conquistarem o ambiente terrestre e, em geral, podem produzir uma complexidade maior de metabólitos do que outras plantas. “Queremos ver como seria essa aplicação para a saúde humana ou agricultura”, completa.
Apesar de os primeiros resultados serem considerados promissores, o professor ressalta que há um longo caminho entre o descobrimento de uma nova molécula e a utilização da substância nas indústrias.
“Já tivemos alguns resultados interessamtes de moléculas que podem ser usadas para estudos anticâncer e para doenças neurais. Só que esse processo é um pouco mais longo, tem muitas etapas a serem cumpridas ainda. Nessa vinda estamos coletando material para validar estudos que fizemos aqui em 2019”, detalha.
O Programa Antártico Brasileiro, criado em 1982, é coordenado pela Marinha do Brasil e envolve diversos ministérios (Defesa; Ciência, Tecnologia e Inovações; Meio Ambiente; e Relações Exteriores) e agências de fomento — CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O programa se relaciona com vários países e com o Scientific Committee on Antarctic Research, um comitê internacional de pesquisa antártica, seguindo o disposto no Tratado Antártico e o Protocolo de Madri. As informações são do R7.