Julgamento do caso Boate Kiss é retomado nesta quinta-feira
O segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados de serem os responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, é retomado nesta quinta-feira (2) com o depoimento de cinco sobreviventes na manhã e na tarde.
Na parte da manhã, devem ser ouvidos Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão Rosado. Na parte da tarde, o júri interroga a testemunha de acusação Miguel Ângelo Teixeira Pedroso e, na sequência, Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore.
O primeiro dia do julgamento foi marcado por momentos de tensão e choro. O veio na chegada do produtor musical Luciano Bonilha, de 43 anos, por volta das 9h. Abalado ao subir as escadas do prédio do Foro Central I de Porto Alegre, o músico disse à imprensa aos gritos: “Eu não sou assassino.”
Após entrar no prédio, Bonilha passou mal e teve de ser atendido pela equipe médica do fórum. “Luciano vinha enfrentando esse julgamento de uma forma muito melhor. Hoje ele passou mal, mas depois de 30, 40 minutos ele voltou ao normal”, afirmou Gustavo Nagelstein, advogado do músico. “Ele é um cumpridor de ordens, não tinha escolha naquela noite, foi determinado que ele fizesse aquilo. Ele acendeu os fogos como lhe foi mandado.”
O segundo momento ocorreu ao longo do depoimento da vítima Kátia Giane Pacheco Siqueira. A ex-funcionária disse ao juiz Orlando Faccini Neto que desmaiou e acordou depois de 21 dias em um hospital de Porto Alegre. “Eles falaram que iam tentar me desintubar de novo e que, se caso eu não resistisse, iam me deixar morrer”, contou.
O depoimento da primeira testemunha, a ex-funcionária Kátia Giane Pacheco Siqueira durou cerca de quatro horas. Ela foi questionada sobre questões técnicas sobre a estrutura da boate, lotação e sinalização do espaço no dia do incêndio.
Ela foi a primeira testemunha ouvida pelo Tribunal do Juri e disse à promotora Lúcia Helena Callegari que espera que os quatro réus sejam condenados. “Com tudo isso que eles fizeram, tentaram matar a gente”, disse ela no plenário em afirmações à promotora Lúcia Helena Callegari.