Eleições

Exclusivo: Empresa contratada pelo TSE para fabricar urnas eletrônicas pertenceu a senador do partido de Sérgio Moro


O senador Oriovisto Guimarães (Podemos), colega de partido do ex-juiz e candidato à Presidência da República Sérgio Moro, foi um dos fundadores e presidente por mais de 40 anos do grupo educacional e de tecnologia paranaense Positivo, empresa anunciada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que venceu a licitação para fabricar as novas urnas eletrônicas que serão utilizadas nas eleições em 2022. O senador deixou o comando do grupo em 2012, quando o seu braço direito Hélio Rotenberg assumiu o cargo de  diretor presidente.

De acordo com publicação no site da Positivo Tecnologia, os filhos do senador Oriovisto, Giem Raduy Guimarães e Lucas Raduy Guimarães, pertencem ao conselho administrativo e são acionistas da empresa.

Na terça-feira (14), o ministro e presidente do TSE Luís Roberto Barroso visitou a fábrica da Positivo em Manaus responsável pela fabricação da placa-mãe do novo aparelho.

Para as eleições do ano que vem, o TSE diz que a Positivo Tecnologia deve fabricar 225 mil novas urnas eletrônicas, a partir de um modelo desenhado em 2020 (UE 2020). Em 2020, a homologação da licitação ocorreu de comum acordo entre  Barroso, ministro Edson Fachin, e o ministro Alexandre de Moraes. Na época, de acordo com informações divulgadas pelo TSE , não houve tempo hábil para fabricação e programação para uso das urnas naquele pleito.

A fabricante que ganhou a licitação do TSE informou que previsão é para que os novos dispositivos estejam prontos até junho de 2022.

As placas-mãe da nova urna são fabricadas na instalação da empresa em Manaus (AM), mas o resto do equipamento será produzido na fábrica da Positivo em Ilhéus (BA), inaugurada em 2020. A Positivo afirma que essa fábrica é capaz de produzir 130 mil dispositivos por mês.

No total, 557 mil urnas eletrônicas serão usadas no pleito do ano que vem. As urnas mais antigas que estarão à disposição do TSE para as eleições de 2022 estão funcionando desde 2009. Foi nesse ano que o hardware do dispositivo, que permite a execução apenas de programas desenvolvidos pela Justiça Eleitoral, foi introduzido.

Em entrevista coletiva concedida em Manaus, Barroso disse que o código-fonte das urnas eletrônicas já passou pela inspeção de “hackers”, peritos e partidos políticos. As urnas não se conectam a nenhuma rede externa ao TSE.

“Não há como chegar até a urna eletrônica. Mesmo que o sistema do TSE seja invadido no dia de eleição ,o que nunca aconteceu e se Deus quiser não acontecerá, o resultado das eleições ainda não seria comprometido, porque no final do dia, a urna imprime o boletim de urna com o resultado da eleição”, garante o ministro.

No dia 29 de novembro, o ministro Barroso apresentou um balanço da 1ª etapa do TPS (Teste Público de Segurança) nos mecanismos de proteção da urna eletrônica e do sistema do tribunal. O TPS realizado entre os dias 22 a 27 de novembro reuniu 26 investigadores para realizar 29 tentativas de ataques ao sistema eleitoral, à urna eletrônica e ao sistema do TSE onde 24 tentativas não conseguiram ultrapassar nenhuma barreira de segurança da Corte.

Outros 5 ataques foram considerados relevantes e apesar de quebraram barreiras de segurança não foram capazes de interferir no resultado ou na condução das eleições, de acordo com Barroso.

O TSE garante que a nova urna eletrônica é mais segura, moderna e possui mais “recursos de acessibilidade”. Além de ter uma bateria maior, o aparelho também vai informar o mesário sobre o próximo eleitor na fila de votação ao mesmo tempo em que outro está usando a urna para votar. Segundo o TSE,  o objetivo da Justiça Eleitoral é agilizar o processo.

Ainda de acordo com o TSE, as principais mudanças envolvem a bateria da urna, que foi trocada para uma fonte de lítio ferro-fosfato. Com a mudança, o condutor não precisa de recargas, aumentando seu tempo de uso. Anteriormente, ele era trocado a cada cinco anos.

Outra novidade do modelo que será usado nas eleições de 2022 é a entrada tipo USB para inserção de pendrives, o que deve agilizar a coleta de informações pelo TSE. Um processador 18 vezes mais rápido que o do modelo anterior também foi implementado. A Justiça Eleitoral trouxe melhorias para o teclado e colocou tela sensível ao toque para mesários.




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