“Narrativa política e covardia em acusações”, afirma Guedes sobre offshore no exterior
O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi convocado pelas comissões de Fiscalização Financeira e Controle; e de Trabalho, Administração e Serviço Público, da Câmara dos Deputados, para explicar a respeito de uma empresa de sua propriedade nas Ilhas Virgens Britânicas.
Guedes explicou que foi uma “decisão pessoal” em 2014 de abrir a empresa para ter uma parte dos recursos da família no exterior e que isso é “absolutamente legal”.
“Por razões sucessórias, se você quiser investir alguma coisa, por exemplo, nos Estados Unidos; se você tiver uma conta em nome de pessoa física, se você falecer, 46 ou 47% é expropriado pelo governo americano. Todo o seu trabalho de vida, em vez de você deixar para um herdeiro ou para algum familiar, vira imposto sobre herança. Então, o melhor é usar uma offshore”, afirmou o ministro.
O ministro ainda afirmou que não acompanha a rentabilidade dos investimentos e que as informações não devem ser públicas por uma questão de segurança.
“Eu resolvi esse problema financeiro meu. Então, eu não me preocupo se eu estou assim, se estou assado. Se eu melhorei, se eu piorei. Eu faço as declarações, entreguei tudo para os órgãos. Está tudo entregue para a Comissão de Ética da Presidência da República, para a Receita Federal, para o Banco Central”, disse Guedes.
A bancada de oposição fez vários questionamentos sobre quando Guedes deixou a direção da empresa e a entregou para terceiros. Também questionaram sobre a permanência da filha do ministro na diretoria da empresa e quanto supostamente deixou de ser pago em impostos no Brasil.
“A offshore é como uma ferramenta. É uma faca. Você pode usar para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja”, disse Guedes, que explicou não ter investimentos em nenhuma ação brasileira fora do País.
Guedes reforçou que entregou as informações para a Comissão de Ética do governo. Ele rebateu as acusações de que tenha tomado decisões que favorecessem as aplicações em outras moedas. Disse que as oscilações mais altas do dólar estão ligadas a fatos políticos ou à evolução da pandemia. E negou que tenha negociado a retirada da taxação das empresas em paraísos fiscais da reforma do Imposto de Renda.
Em contrapartida, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que todas as operações do ministro foram legais.
“É comum que pessoas de sucesso tenham investimentos diversificados no exterior. É que, para essa galera aqui, é uma minoria, é verdade; quando fala em offshore, eles já lembram de roubalheira, eles lembram de corrupção, que é o que eles faziam no governo. Eles esquecem que há empresas legais”, disse Eduardo.
O ministro da Economia reafirmou que fez tudo dentro da lei, inclusive vendeu as participações em empresas nacionais antes de entrar para o governo. Segundo o site Poder 360, um dos órgãos de imprensa que participaram da reportagem sobre os investimentos de Guedes, o ministro tinha R$ 54 milhões na empresa no exterior em agosto de 2015.