EUA: preços dispararam para o nível mais alto em 3 décadas
A taxa de inflação em outubro nos Estados Unidos chegou a 6,2% no acumulado dos últimos 12 meses, o valor mais alto registado no país em 30 anos, segundo o órgão de estatísticas do governo americano. Em comparação, o índice no Brasil já está em 10,25%.
Alimentos, combustíveis, automóveis e habitação são alguns dos produtos cujos aumentos de preços impulsionaram este recorde histórico no país.
Como no Brasil, o aumento da inflação tem sido uma preocupação crescente para os consumidores à medida que o poder de compra diminui. Produtos como carne, peixe e ovos subiram mais do que outros alimentos, e os preços da gasolina atingiram o pico nos últimos sete anos.
A inflação está acelerando à medida que a economia se recupera dos efeitos da pandemia de covid-19, o consumo da população aumenta e os gargalos persistem nas cadeias de abastecimento que afetam o fluxo normal de produtos em nível global.
Questionado sobre a inflação, o presidente americano, Joe Biden, disse que reduzir o índice é uma de suas “principais prioridades”.
Em entrevista à BBC News Mundo ( canal espanhol da BBC), Elijah Oliveros-Rosen, economista sênior da consultoria S&P Global Ratings, afirmou que o salto inflacionário “foi influenciado pelos preços dos produtos de energia”, bem como pelos gargalos no fluxo global de produtos, aumento das commodities e o alto custo de moradia.
“Os preços da energia devem continuar subindo nos próximos meses, mas, ao mesmo tempo, o impacto dos gargalos nas cadeias de abastecimento deve diminuir”, disse.
No Brasil, com o encarecimento da gasolina (por diversos fatores, incluindo a alta do dólar e a instabilidade política), o preço médio do combustível aumentou quase 40% nos últimos 12 meses, segundo dados oficiais do governo brasileiro. O etanol subiu 65%.
Outro fator que tem contribuído para o aumento da inflação nos EUA é a escassez de trabalhadores, situação que tem feito subir os salários em alguns setores da economia, levando empresas a repassar a alta do custo para os produtos comercializados.
O número de pessoas deixando seus empregos indica que os salários vão subir a uma taxa anual entre 4% e 4,5%, escreveu Michael Pearce, economista da consultoria Capital Economics.
Os americanos estão deixando seus empregos a uma taxa recorde que atingiu 4,3 milhões de pessoas em agosto, quase 3% da força de trabalho. É um fenômeno conhecido como “a grande renúncia”, outra das consequências econômicas deixadas pela pandemia.
Há também a falta de produtos, causada por problemas nas cadeias de abastecimento em todo o mundo durante a pandemia. O consenso entre os especialistas da área é que a chamada “crise dos contêineres” não será totalmente resolvida até o próximo ano. E os mais pessimistas acreditam que pode se estender até o início de 2023.
O problema é que o aumento da inflação, as dificuldades no mercado de trabalho e a escassez de alguns produtos “são problemas interligados”, disse David Wilcox, pesquisador do Peterson Institute for International Economics em Washington, em entrevista à BBC News Mundo.