Bolsonaro presta depoimento à PF no inquérito de suposta interferência na corporação
O presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal na noite de ontem, quarta-feira (3), no Palácio do Planalto, em Brasília, no âmbito do inquérito que investiga sua suposta interferência na corporação. O depoimento de Bolsonaro foi determinado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A investigação teve início após o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, denunciar, durante sua renúncia, a suposta intervenção de Bolsonaro na diretoria da corporação.
Bolsonaro confirmou à PF que pediu ao então ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro a troca do ex-diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, por “falta de interlocução”. O presidente ainda explicou que sugeriu o nome de Alexandre Ramagem, chefe da Abin, para liderar a corporação, e que Moro teria concordado mas condicionado a troca se ele fosse indicado ao STF.
O delegado Leopoldo Soares Lacerda fez um total de 13 perguntas ao presidente da república. Bolsonaro afirmou mais de uma vez que “não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança” com o trabalho realizado pelo então chefe da PF, “apenas uma falta de interlocução”.
Sobre a indicação de Ramagem, foi “em razão da sua competência e construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante durante a campanha eleitoral de 2018”, Bolsonaro afirmou que Moro “teria concordado com o Presidente desde que ocorresse após a indicação do ex-Ministro da Justiça à vaga no Supremo Tribunal Federal ”. Bolsonaro também afirmou que ele e seus filhos só foram apresentados à Ramagem quando este assumiu a coordenação de sua segurança durante as eleições de 2018.
O presidente concluiu afirmando que “nunca teve como intenção, com a alteração da Direção Geral, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obter diretamente de relatórios obtidos pela Polícia Federal”.