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Políticos e ativistas de esquerda tentam barrar homenagem a Bolsonaro na Itália


A Câmara de Vereadores de uma pequena cidade no norte da Itália deverá votar nesta segunda-feira (25) uma proposta para conceder o título de cidadão honorário ao presidente Jair Bolsonaro. A homenagem, porém, gerou polêmica e declarações de indignação por parte de políticos locais de esquerda, ativistas e até grupos religiosos, num momento em que o líder brasileiro é acusado de crimes contra a humanidade e outros delitos pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado. A ideia de conceder o título a Bolsonaro partiu de Alessandra Buoso, prefeita de Anguillara Veneta, um pequeno município de apenas 4 mil habitantes localizado na região do Vêneto. A cidade a 80 quilômetros de Veneza é terra natal de um bisavô do presidente. Buoso defendeu que a homenagem não tem motivação política. “Pensei nas pessoas do meu país que migraram para o Brasil e construíram uma vida até chegar à Presidência, levando o nome de Anguillara Veneta para o mundo”, disse a prefeita em entrevista à agência de notícias italiana Ansa na semana passada.

Questionada sobre os crimes imputados a Bolsonaro pela CPI da Covid, a política italiana justificou que não estava ciente das acusações. O relatório final da comissão foi apresentado no dia 20 de outubro, mesmo dia em que Buoso assinou a proposta.

A homenagem provocou indignação em parte da classe política local da esquerda. Vanessa Camani, integrante da assembleia legislativa regional do Vêneto, lançou uma campanha nas redes sociais contra o título de cidadão a Bolsonaro. “Não à cidadania a um racista, misógino e negacionista”, afirma ela, que é membro da direção nacional do Partido Democrático, de centro-esquerda.

Na postagem, Camani também condena a “obscena gestão da emergência da covid-19, que colocou Bolsonaro entre os protagonistas do negacionismo mundial”. “Por favor nos explique, prefeita de Anguillara, por qual desses motivos Bolsonaro merece ser cidadão honorário?”, ironiza.

A homenagem à nomeação também foi alvo de críticas de grupos religiosos e ativistas antibolsonaristas na Itália. Em carta à prefeita de Anguillara Veneta, padres missionários italianos baseados no Brasil se dizem “ofendidos, entristecidos e desconcertados”. “Como cidadãos italianos que trabalham no Brasil há anos a serviço do povo brasileiro e da Igreja Católica brasileira (somos missionários, religiosos e ‘Fidei Donum’), nos sentimos profundamente entristecidos e desconcertados. Nós nos perguntamos sobre quais méritos? Como um homem que durante anos, e continuamente, desonra seu país pode receber honra na Itália?”, diz o texto, citado pelo UOL.

Já o Comitê Italiano Lula Livre – um grupo que visa informar e sensibilizar a sociedade civil e política italiana sobre a “regressão do Estado democrático de direito no Brasil”, em suas próprias palavras – divulgou uma carta aberta aos cidadãos e vereadores de Anguillara Veneta.

O texto se refere a Bolsonaro como alguém “desumano, incapaz de expressar empatia e solidariedade”. O presidente brasileiro “negou qualquer bom senso baseado em critérios científicos, levando a população brasileira à beira da morte e do desespero social. O desemprego se espalhou, e a fome voltou a estender sua sombra sobre os mais fracos: crianças e idosos em particular. Esse homem tenta apagar o passado e abortar o futuro”, escreve o grupo. “Aqui, qualquer pessoa pode receber uma homenagem: a benevolência de conceder um prêmio nunca deve ser criticada. Mas talvez Anguillara Veneta não mereça não mereça a vergonha de ter seu território associado a tal personagem. Anguillara Veneta e toda a Itália devem permanecer em nossos corações e em nossa memória por aquilo que realmente representam: um povo fraterno, parte de nossas vitórias e de nosso desenvolvimento”, conclui a carta.




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