Estudo da Embrapa Territorial mostra que área de preservação no meio rural é de 282,8 milhões de hectares
Com informações da Embrapa
Um estudo feito pela Embrapa Territorial, com base no geoprocessamento dos dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) de 2021, apontou a dimensão da preservação no meio rural. Segundo o levantamento, as áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa pelo mundo rural somam 282,8 milhões de hectares, no Brasil representam 33,2% do território brasileiro.
A Embrapa Territorial desenvolve e aprimora métodos para quantificar o papel da agropecuária na preservação da vegetação nativa, em áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente. Os estudos são feitos com o geoprocessamento dos dados cartográficos sobre a vegetação nativa, registrados pelos próprios produtores rurais sobre imagens de satélites no CAR, uma exigência do Código Florestal Brasileiro. No entanto, muitos imóveis rurais ainda não se registraram no CAR.
O novo estudo utilizou os dados georreferenciados do Censo Agropecuário 2017 como um complemento, para obter o volume de terras dedicadas à preservação nesses casos. O Censo Agropecuário do IBGE de 2017 incluiu as coordenadas geográficas dos estabelecimentos agropecuários visitados pelos recenseadores, bem como os trajetos por eles percorridos. “Dispor das coordenadas geográficas de quase 6 milhões de estabelecimentos agropecuários permitiu quantificar, em 2021, quem ainda não se cadastrou no CAR e identificar os padrões de sua repartição territorial”, informa o chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, coordenador da pesquisa.
A Embrapa Territorial cruzou as coordenadas geográficas de 5.063.771 estabelecimentos agropecuários do Censo 2017 com os perímetros de 5.953.139 imóveis registrados no CAR até fevereiro de 2021 e identificou 1.885.955 estabelecimentos sem cadastro no SiCAR.
Com os dados médios de vegetação nativa levantados pelo Censo do IBGE, a Embrapa Territorial estimou em 55.443.219 de hectares as áreas dedicadas à preservação nos estabelecimentos não registrados no SiCAR. Isso equivale a 6,5% do território nacional. Já as áreas mapeadas pelos produtores no CAR até fevereiro de 2021, como dedicadas à vegetação nativa, chegam a 227.415.630 hectares ou 26,7% do Brasil. A soma desses dois números resulta em um terço do território brasileiro destinado à preservação pelo mundo rural, a maioria em terras privadas.
O cadastramento no CAR exige acesso à internet, conhecimentos de geoprocessamento e suporte técnico. A análise da repartição espacial dos produtores não registrados no CAR pela Embrapa mostra sua concentração na Amazônia, no semiárido Nordestino e em locais de agricultura familiar. A pesquisa indica, por município, o avanço da informatização e da conexão no campo e os locais onde isso ainda não ocorreu. “No CAR é o produtor quem vai em direção ao Estado registrar seus dados. No Censo Agropecuário, é o Estado quem envia seus recenseadores em direção do produtor, onde quer que ele esteja”, explica Miranda. O pesquisador acrescenta que “os novos métodos de integração do Censo com o CAR permitem uma compreensão inédita da territorialidade da agricultura brasileira, de sua produção e de seus serviços ambientais, ao destinar à preservação da vegetação uma área equivalente a um terço do território nacional”.
No site, além do detalhamento de todo o trabalho, está disponível um painel dinâmico. Nele, o usuário pode visualizar números, mapas e gráficos e fazer o download dos dados referentes às áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa nos imóveis rurais do CAR por município, estado ou região. É possível também, utilizar como recorte territorial os biomas brasileiros. A página apresenta, ainda, dois pôsteres preparados pela equipe da Embrapa Territorial: um com o resumo das áreas protegidas no Brasil e no mundo e outro com as áreas preservadas pelo mundo rural brasileiro. Ambos para download em alta resolução.