Google demitiu dezenas de funcionários por uso indevido de dados de usuários
O Google demitiu pelo menos 80 funcionários por usarem indevidamente dados de usuários. As demissões ocorreram de 2018 a 2020, segundo documentos internos da empresa de tecnologia, aos quais o portal Vice teve acesso. Segundo esses documentos, os funcionários fizeram uso de ferramentas internas do Google de maneira abusiva e espionaram até mesmo colegas de trabalho. Em 2018 foram 18 demissões, 26 no ano seguinte e 36 em 2020.
O documento ainda indica que 86% das reclamações de segurança contém o uso incorreto de informações confidenciais, como transferências de informações internas à terceiros.
Em nota oficial, Google afirmou que a maioria dos casos estão relacionados ao acesso ou uso indevido de informações corporativas da empresa. Ainda explicou que há uma série de regras para o acesso a dados de usuários para impedir abusos, entre as principais se destaca a limitação do acesso a apenas funcionários que realmente precisam dos dados para trabalhar e é necessário justificar o uso de tais dados.
“O número de violações, deliberadas ou inadvertidas, é consistentemente baixo. Cada funcionário recebe treinamento anualmente, investigamos todas as alegações e as violações resultam em ações corretivas até e incluindo a rescisão”, informa um trecho da nota.
Em 2010, o Google reconheceu o acesso e uso de dados de usuários em um caso envolvendo um funcionário que tinha o acesso a tais dados para realizar seu trabalho. David Barksdale, na época com 27 anos, espionou, ameaçou e alterou dados de no mínimo 4 adolescentes. Os abusos do uso desses dados foram confirmados pelo Google, que demitiu Barksdale.
Existem também outros casos do abuso de uso dados de usuários de outras plataformas. De acordo com o livro “The Ugly Truth: Insider Facebook’s Battle for Domination” (Uma Verdade Feia: por dentro da batalha do Facebook pela dominação, em tradução livre), um funcionário do Facebook fez uso do acesso que tinha na plataforma para rastrear sua ex-mulher depois que eles brigaram. Esse livro foi escrito por jornalistas do The New York Times e também afirma que 52 pessoas, entre 2014 e 2015, foram demitidas por acessar e usar dados de usuários para fins pessoais.
O Facebook precisou se explicar no Congresso dos Estados Unidos sobre como a empresa Cambridge Analytica conseguiu acesso a dados de 50 milhões de usuários da plataforma para criar um perfil do eleitorado norte-americano e personalizou campanhas políticas.