Mandetta usou cargo de ministro para benefícios familiares
Em 2019, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, beneficiou sua filha, a advogada Marina Mandetta, que, um dia após o presidente Bolsonaro anunciá-lo como ministro da Saúde, a advogada anunciou sua saída do escritório de advocacia para abrir o Mandetta Advogados com uma cartela de clientes relacionados à saúde, como a Unimed Rio, Unimed Seguros e Central Nacional Unimed, além de potenciais clientes em Brasília-DF e São Paulo-SP, todos apresentados pelo pai em congressos das operadoras de planos de saúde.
Conforme publicação da revista Veja, os Mandettas eram presenças constantes nesses congressos. Sempre que o pai discursava, Marina, logo em seguida, distribuída seu contato entre operadoras de planos de saúde. O mestre em direito público Mauro de Azevedo Menezes declarou, à época, sem saber os nomes dos envolvidos, que todo esse enredo encenado por pai e filha configura conflito de interesse “gravíssimo” pois a lei proíbe uma autoridade de usar o cargo em benefício próprio ou de familiares. Menezes ainda alertou que a situação também pode ser enquadrada como improbidade administrativa e ter repercussões na seara penal. “Eu acho que está se banalizando no Brasil, infelizmente, a violação da fronteira entre público e privado em altas esferas, e isso é uma crise na nossa República.” O caso é comparável à situação recente protagonizada pela Odebrecht e familiares do ex-presidente Lula.
A verdade é que a clientela de Marina Mandetta cresceu, e muito, com operadoras de planos de saúde justamente no período em que seu pai estava à frente do ministério da Saúde. À época da publicação da Veja, Mandetta afirmou que não há relação entre a sua posse e a ascensão profissional da filha, mas os fatos são inegáveis.