Discurso de Lula é de campanha, mas ele não foi inocentado
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pronunciou-se pela primeira vez após a anulação de suas condenações no âmbito da Lava-Jato nesta quarta-feira, 10. Em entrevista coletiva, Lula citou os anos de governos petistas, as “dores” que vivenciou na prisão, criticou duramente a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e afirmou que foi vítima da “maior mentira jurídica contada em 500 anos de história” do Brasil. Segundo o comentarista político José Maria Trindade, o discurso feito por Lula nesta tarde simboliza o estopim de sua candidatura à presidência no pleito eleitoral de 2022.
“Não acredito em um animal que tenha rabo de gato, pelo de gato, patas de gato, orelhas de gato, mia e diz que não é gato. Lula é candidato. Este discurso foi o lançamento de sua candidatura, ele até revelou sua plataforma de governo. No entanto, suas palavras não passam de uma tentativa de encobrir a verdade, ele promete um mundo que só existe em campanha política. Lula não é inocente, não tem como relevar o que ocorreu na gestão do PT e tudo que foi apurado pela Lava Jato. O discurso de Lula é de campanha, mas ele não foi inocentado por Fachin”, disse o comentarista.
O ex-presidente aproveitou o discurso para cumprimentar o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou a incompetência da Justiça Federal do Paraná para julgar quatro ações envolvendo Lula – a do sítio de Atibaia, duas ações sobre o Instituto Lula e a do tríplex do Guarujá. Apesar do petista celebrar a decisão de Fachin, José Maria Trindade reiterou que o parecer do ministro não é definitivo.
“Em sua cabeça, Lula pode até acreditar que está livre, mas a Lava Jato continua atuando e levantando todos os dados que o envolvem. A decisão de Fachin não o inocenta e não é definitiva, já que ainda precisa passar pelo plenário da Câmara dos Deputados. Apoiado em um discurso populista, Lula voltou a pregar o combate à fome e ao desemprego. No entanto, se ele tivesse realizado isso durante seu governo, teria deixado a presidência com o Brasil registrando índice zero de fome e desemprego – não foi o que aconteceu”, concluiu Trindade.