Gestores da Fundação Palmares se demitem por insatisfação
Os principais gestores da Fundação Palmares entregaram os cargos nesta quinta-feira (11) alegando falta de diálogo e insatisfações com Sérgio Camargo, presidente da instituição. Constam na lista Ebnézer Nogueira, diretor de Fomento e Promoção da Cultura Afro Brasileira, Roberto Castelo Braz, coordenador geral de Gestão Interna e Raimundo Chaves, coordenador geral do Centro Nacional de Informação e referência da Cultura Negra.
Os gestores estavam nas funções há cerca de um ano e foram escolhidos por Camargo por apresentarem perfis mais conservadores.
As demissões foram através de uma carta, destinada ao presidente da instituição, na qual os três afirmam que tiveram as decisões ignoradas após “inúmeras tentativas de interlocução com a presidência”, paralelamente, pessoas que não integravam a diretoria participavam de reuniões e influenciavam as decisões internas do órgão.
“Como diretores e coordenadores dos departamentos que compõem a instituição, fomos voto vencido mesmo sendo a maioria em decisões cruciais ao bom andamento de projetos, ações de mudança de sede e demais políticas públicas que poderiam ser entregues à população até este momento”, diz a carta.
Segundo os gestores, os compromissos acordados no ato da posse, há um ano, foram prejudicados.
“Coerentes com nossos princípios morais e políticos, tomamos uma difícil decisão de desligamento de nossos cargos por não encontrarmos mais viabilidade de diálogo entre os diretores e o Presidente”, concluíram.
As demissões representam a saída de praticamente todo o colegiado da Fundação Palmares. Coordenadores da instituição afirmaram à CNN que um outro diretor também deve pedir demissão em breve, mas ainda não comunicou a saída para não deixar os trabalhos “sem o comando de ninguém”.
O estopim veio por divergências em relação à mudança da sede da Fundação em Brasília, que ocorreu para deixar de pagar R$ 2,3 milhões de aluguel por ano, Sérgio Camargo anunciou a transferência para um prédio público no fim de 2021. Porém, o novo espaço precisa de reformas e o projeto ainda não saiu do papel. Há mais de três meses servidores estão trabalhando em um local provisório sendo que o aluguel da sede original continua sendo cobrado.
Nesta semana, os diretores se reuniram para discutir a mudança e discordaram da proposta apresentada pelo presidente que, segundo a direção, é um projeto com orçamento superior à R$700 mil que foi elaborado às pressas e abrange todas as reformas necessárias ao local escolhido. Mesmo assim Camargo resistiu em alterar o documento.