A Executiva Nacional do PSDB aprovou na sexta-feira (12), por unanimidade, a prorrogação do mandato de Bruno Araújo como presidente do partido. A decisão configura derrota política para o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que desejava há muito tempo assumir o controle do partido.
Bruno Araújo foi eleito presidente do PSDB em 2019, sucedendo Geraldo Alckmin e com o apoio de Doria na época, que via em Araújo um rosto para personificar seu projeto de “novo PSDB”. O mandato de Araújo como presidente da sigla se encerraria em maio deste ano, mas agora foi estendido até maio de 2022.
João Doria postulou o comando do partido em reunião realizada na segunda-feira (8) com integrantes da cúpula tucana. No dia seguinte, divulgou nota cobrando a expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) dos quadros da legenda. Essa exposição pública dos problemas internos do partido motivou reação de aliados de Aécio. Na quarta-feira (10), os presidentes de 26 diretórios estaduais do PSDB assinaram ofício em apoio à permanência de Bruno Araújo no comando do partido, contrariando assim os desejos do governador de São Paulo. O movimento foi endossado por deputados e senadores tucanos.
“Os parlamentares estão certos de que, com a decisão, o partido seguirá mantendo a democracia interna e a convergência na busca de soluções para que o país possa vencer a pandemia e retomar o crescimento com justiça social”, escreveram deputados e senadores, em notas praticamente idênticas.
A indisposição de alas do PSDB com o movimento de Doria teve outro efeito colateral para o paulista. Além de ver a pretensão de assumir o comando da sigla ir pelo ralo, o pré-candidato à Presidência em 2022 também abriu caminho para o fortalecimento de outra liderança tucana, o governador gaúcho Eduardo Leite.
Em almoço realizado na quinta-feira (11) com 10 deputados e 1 senador do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul ouviu apelos para que desse início a uma campanha para tornar seu nome conhecido no país. A ideia é começar por viagens na região Nordeste. O senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL), que estava no encontro, ficaria responsável por organizar parte da agenda futura.