Saúde

Entenda a situação que culminou no colapso da saúde em Manaus-AM; Quem é o verdadeiro culpado?


A gestão de Wilson Lima vem sendo marcada por graves problemas na saúde do Amazonas. O colapso atual foi uma tragédia anunciada desde 2019 que somente foi acelerada pelo novo coronavírus. A atual falta de oxigênio no estado é somente a “ponta do iceberg” e tem escondido outros problemas como super lotação de maternidades e hospitais, de falta de medicamentos e insumos,  além de servidores e terceirizados sem salários.

2019

A maternidade Balbina Mestrinho, localizada ao sul de Manaus, tem super lotação ocasionando falta de leitos, muitas mães ficaram em cadeiras de plástico com bebês recém-nascidos. Vídeos foram feitos e enviados às redes de tv locais, as informações confirmadas por funcionários que afirmaram também que bebês na UTI neo-natal são monitorados pelos próprios pais por falta de mão de obra. Apesar de todas as evidências, a direção da maternidade negou todas as acusações. Além da superlotação, pacientes filmaram o dia em que uma forte chuva atingiu Manaus. A água escorria pelas paredes da maternidade.

Outra maternidade, a Ana Braga,  apresentou problemas muito parecidos pois eram as mães que cuidavam dos bebês recém-nascidos ou prematuros nas incubadoras. Elas davam medicação e alimentação por sonda,por falta de enfermeiros.

No Hospital e Pronto-Socorro João Lúcio a superlotação transformou corredores em salas de atendimento médico. As famílias que precisaram, compram os próprios remédios.

Os problemas são gravíssimos, vão desde superlotação à filas para cirurgias cardíacas de bebês à adultos. Várias pessoas faleceram aguardando por cirurgias.

Em dezembro de 2019, vários servidores alegaram estar sem salários desde o mês de agosto, o que ocasionou o quadro reduzido de funcionários como. A secretaria de saúde do estado não informou o montante da dívida na época e culpou uma redução de 30% do orçamento da época e problemas de gestões anteriores.

1º impeachment do governador

Em 14/12/2019 os deputados  Wilker Barreto (Podemos) e Dermilson Chagas (PP) protocolaram na Assembleia Legislativa pedido de impeachment do governador do Amazonas, Wilson Lima, e seu vice, Carlos Almeida Filho. A denúncia se baseia na “grave crise da saúde pública no Estado” e na “omissão do Governo em propor soluções para as problemáticas como a falta de medicamentos e insumos nas unidades hospitalares, ausência de equipamentos para exames e atraso de quase seis meses de salários para os profissionais terceirizados da saúde”.

O pedido foi arquivado pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) sob a justificativa, segundo consta no Diário Eletrônico do dia 5 de fevereiro de 2020, é a falta de fundamentação e descrição precisa dos fatos.

Início de 2020

A pandemia é decretada pela OMS.

Em fevereiro, o então Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, orienta que apenas devem procurar as unidades de saúde os pacientes que apresentem febre persistente após 24 horas (ou casos em que a febre desaparece e reaparece durante dois dias), com sintomas de desconforto respiratório (falta de ar). Afirma por diversas vezes que a profilaxia (tratamento em fase inicial) é desnecessária e recomenda somente o uso de álcool e lavar as mãos com frequência.

O primeiro caso de coronavírus em Manaus foi confirmado no dia 13 de março de 2020 e em 10 dias o governo estadual decretou o fechamento de escolas, comércio e indústrias. Porém essas medidas foram comprovadamente ineficazes diante do primeiro colapso do estado. Além de não ter condições de receber e tratar todos os doentes pelo coronavírus, os hospitais do Amazonas precisaram ser equipados com contêineres frigoríficos para acondicionamento de corpos das vítimas.

Em 21 de abril, dos 106 sepultamentos realizados na cidade, 36,5% foram de pessoas que morreram em casa, por não terem tido acesso ao atendimento hospitalar. O Amazonas registrou aumento de 94% das mortes ocorridas em casa em relação a anos anteriores.

Em 30 de junho de 2020, a secretária de Saúde do Amazonas, Simone Araújo de Oliveira Papaiz, foi presa em Manaus durante a Operação Sangria, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) sob acusação de fraudes e desvios na compra de respiradores que seriam utilizado no combate da Covid-19. Todos os itens teriam sido adquiridos com dispensa de licitação, de uma importadora de vinhos.

Na madrugada do dia 5 de julho de 2020, o G1 noticiou que Simone Papaiz foi solta da prisão e estava em liberdade, sem cumprir prisão domiciliar.

Recursos do Governo Federal

STF (Alexandre de Moraes)

No início da primeira onda do coronavírus, em Abril de 2020, o ministro Alexandre de Moraes decidiu que o governo federal não pode derrubar decisões de estados e municípios sobre isolamento social, quarentena, atividades de ensino, restrições ao comércio e à circulação de pessoas. O presidente Bolsonaro, desde o começo da pandemia, defendeu o isolamento de pessoas de alto risco, o tratamento precoce com medicamentos baratos (hidroxicloroquina , Ivermectina e azitromicina). Porém, o ministro do STF obrigou o presidente da república a não interferir no trabalho técnico do Ministério da Saúde além de seguir o protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS), sob o argumento de que:

“não compete ao Poder Executivo federal afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de infectados e de óbitos, como demonstram a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e vários estudos técnicos científicos”, escreveu o ministro na decisão.

Ele ainda acrescentou que é “fato notório” a existência de “grave divergência de posicionamentos entre autoridades de níveis federativos diversos e, inclusive, entre autoridades federais componentes do mesmo nível de governo, acarretando insegurança, intranquilidade e justificado receio em toda a sociedade” referindo-se aos conflitos entre Mandetta e Bolsonaro.

2º impeachment do governador

Um novo pedido de impeachment contra o governador Wilson Lima e o vice, Carlos Almeida foi protocolado pelo Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), representado pelo Dr. Mário Vianna. A categoria alega má gestão da saúde no Estado durante a pandemia do coronavírus. Os médicos relatam a “prática de crimes de responsabilidade e improbidade”, e pedem a perda do mandato público, e a inabilitação para que eles exerçam a função pública pelo prazo de cinco anos. E, mais uma vez, o pedido foi ARQUIVADO, com 12 votos contra, 6 a favor e 5 abstenções,  pela Assembléia Legislativa do Amazonas.

Segunda Onda

A segunda onda do COVID-19 chegou com mais intensidade que a primeira, deixando a saúde do Amazonas em um verdadeiro caos e revelando ainda mais como a corrupção mata da pior maneira. O estoque de oxigênio acabou em vários hospitais da capital, levando pacientes internados à morte por asfixia. A White Martins, produtora de oxigênio hospitalar em Manaus, não está conseguindo atender a “demanda exponencial” do sistema de saúde e tenta viabilizar a importação de oxigênio da operação da empresa em outros locais, como na Venezuela.

Cilindros de oxigênio foram encontrados pela polícia para serem vendidos mais caros enquanto pessoas estão morrendo por falta de oxigênio no Estado. Artistas e influenciadores se mobilizam para arrecadar recursos e levar cilindros para o Estado, enquanto Rodrigo Maia e João Doria cobram do presidente da república e o acusam de genocídio.

O ex-prefeito de Manaus pede veementemente o impeachment do atual governador. 3º pedido em 2 anos de gestão.

 

O que pode ser entendido de toda essa situação de Manaus, como dito acima, é que a corrupção mata da pior maneira possível: tirando de quem depende totalmente dos serviços públicos a esperança da vida. Os recursos foram enviados ao Estado, o presidente está impedido de fazer sua principal função: administrar. Políticos da oposição se aproveitam da situação para atacar com todo vigor o PR contando com a falta de memória do povo e seu atual desespero diante da situação. O caos acaba revelando o melhor e o pior de cada um.

 

 




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