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A decadência da esquerda no Brasil


A queda teve início em 2016, com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Em seguida, a prisão do ex-presidente e ícone do partido, Lula, em 2018, ampliou a queda na popularidade da sigla. Para os cargos de prefeito, a queda é notória pois em nenhuma das capitais do Brasil, o PT possuiu candidato favorito à eleição. Em apenas dois ou três, surgiu entre os três mais cotados, porém com uma grande distância entre os demais. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou relativizar a derrota vergonhosa do partido nas eleições municipais: “O PT venceu em 4 de 15 cidades no 2º turno (Contagem, Juiz de Fora, Diadema e Mauá) e teve mais de 40% dos votos em 9. Vencemos com o PSOL em Belém, lutamos ao lado de Boulos e Manuela. E o Brasil viu o que fizeram para barrar Marília em Recife. O PT segue junto com o povo”. E continuou: “O 2º turno mostrou que a esquerda sabe lutar. Nosso desempenho nas grandes cidades e a unidade q construímos em tantas delas confirma q temos uma alternativa para o Brasil. Parabéns à militância pela garra, num cenário tão difícil”.

Isso deve-se a uma escolha: entre defender princípios ou defender Lula, o partido optou pelo segundo. Aliás, é de se duvidar até mesmo da possibilidade de escolha, uma vez que o ex-presidiário condenado por corrupção e lavagem de dinheiro se comporta como dono do partido. E proprietários costumam colocar gente de confiança para administrar o que é seu, caso de Gleisi Hoffmann.

A situação do partido já está numa situação tão decadente, que, conforme o Folha de São Paulo, o PSOL já ganha maior proporção nas pesquisas. Anteriormente, o PSOL era somente uma “extenção” do PT, composta por esquerdistas mais extremos.

Lula e os seus seguidores acreditam que, se o Supremo Tribunal Federal declarar Sergio Moro suspeito e livrar o chefão petista das condenações que lhe foram impostas no âmbito da Lava Jato, o PT voltará a ser do mesmo tamanho da época em venceu as eleições presidenciais. É muito mais fantasia do que realidade. Se vier a ser absolvido pelo STF, isso não significa que Lula deixará de ser culpado aos olhos da nação. A maior parte dos brasileiros poderá vê-lo apenas como mais um integrante da elite política que contou com o beneplácito de ministros de um tribunal superior.

Há ainda o escândalo do mensalão. Lula escapou de ser punido nas urnas quando a maracutaia veio à tona, mas a roubança na Petrobras ressuscitou a memória do escândalo anterior. É preciso levar em conta também que Dilma Rousseff foi alvo de impeachment, por maquiar as contas do governo federal com as pedaladas fiscais e, assim, conseguir reeleger-se. Pedaladas fiscais são de difícil entendimento, mas recessão e baixo crescimento são facílimos de entender. Ninguém jamais perdeu dinheiro subestimando a capacidade de esquecimento dos brasileiros, mas como a crise iniciada por Dilma Rousseff continua pesada nas costas dos cidadãos, e infelizmente os seus reflexos deverão durar por longo tempo, fica mais difícil contar com a amnésia coletiva.

Mesmo com Lula “livre”, o cenário não mudou. Em pesquisas recentes, o ex-presidiário aparece com menos da metade das intenções de voto de Bolsonaro para as eleições de 2022. A idade também pesa. Lula terá 77 anos em 2022 e dificilmente será capaz de mobilizar o eleitorado jovem de esquerda, para o qual o PT é apenas sinônimo de corrupção e que se entusiasma mesmo é com figuras como Guilherme Boulos, um socialista mais raiz. Sem novos nomes, com um Fernando Haddad se prestando ao triste papel de poste em 2018, os petistas perderam a hegemonia no seu campo político.

Para fugir da Justiça, Lula colocou os petistas naquela sela da Superintendência Federal de Curitiba, prendeu o PT e jogou fora a chave da prisão. Com Gleisi Hoffmann na presidência do partido, a chance de alguém abrir a porta da cadeia é ainda mais remota.




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