Papa defende leis que regulamentem união civil entre homossexuais
O papa Francisco afirmou, no documentário “Francesco”, lançado nesta quarta-feira (21) na Itália, que os homossexuais precisam ser protegidos por leis que regulamentem a união civil. A declaração, que não tem força magisterial – ou seja, não muda a doutrina da Igreja Católica sobre o tema -, está sendo comemorada por associações LGBT. O documentário foi dirigido pelo russo Evgeny Afineevsky.
“As pessoas homossexuais têm o direito de estar em uma família. São filhos de Deus e têm o direito a uma família. Ninguém deve ser descartado ou ser infeliz por isso”, disse o papa. “O que devemos criar é uma lei sobre as uniões civis. Desse modo, eles serão contemplados legalmente. Eu defendi isso”.
A Igreja sempre considerou a relação sexual entre pessoas do mesmo sexo como incompatível com a dignidade humana, ao mesmo tempo em que condena a violência contra os homossexuais. O ponto 2.358 do Catecismo da Igreja Católica diz que os homossexuais devem “ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta”.
A afirmação do papa, que aparece aproximadamente na metade do documentário – quando o Pontífice fala sobre problemas sociais, como destruição do meio ambiente, pobreza, migração, racismo e pessoas afetadas por discriminação -, em si, não significa a sua aprovação ao comportamento homossexual, mas a leis que regulamentem questões como herança ou partilha de bens.
Ao mesmo tempo, o tom é pastoral e diferente do utilizado no documento “Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais”, da Congregação para a Doutrina da Fé. O texto do magistério é claro ao desaconselhar a equiparação de uniões homossexuais ao matrimônio.
No documentário, que quer refletir o tom da vida e do ministério do papa desde o início do seu Pontificado, em 13 de março de 2013, traz ainda a história de Andrea Rubera, um homossexual que adotou três crianças com um parceiro do mesmo sexo. Depois de receber uma carta de Rubera, o papa o teria estimulado a frequentar a Igreja. A informação é da Gazeta do Povo.