Pandemia e isolamento social podem levar à pior crise de fome na América Latina em 30 anos
Nesta segunda-feira (19), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, em inglês) afirmou que a pandemia do novo coronavírus pode levar a América Latina e o Caribe a uma crise de fome de proporções inéditas nas últimas três décadas. Antes do início do surto da Covid-19, a região possuía 47,7 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, sem acesso sequer a uma cesta básica de alimentos. Agora, outras 28 milhões de pessoas podem entrar para a lista, o que faria com que os números se igualassem aos registrados em 1990.
A declaração foi feita pelo representante regional da organização, Julio Berdegué, em entrevista à agência de notícias EFE. Ele acredita que, para evitar o aumento no número de pessoas famintas, seria necessária uma transformação dos sistemas alimentares: “se vamos investir na agricultura familiar, é o momento de guiar essas pessoas para que realizem um processo de transição para uma agricultura mais tecnológica e sustentável. É um grande momento para reconstruir transformando, e fazer com que o resultado desta crise seja um mundo melhor”, defendeu.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), enriqueceu o debate pontuando que a crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus também se manifesta aumento de peso da população. Como a recessão força muitas famílias a mudarem o seu estilo de vida, é comum que os indivíduos acabem comprando alimentos mais baratos – que podem acabar sendo, muitas vezes, menos saudáveis. Assim, os reflexos da crise da Covid-19 podem ser tanta a fome quanto os problemas com sobrepeso e obesidade. Informa a Agência EFE.