Witzel criou rachadinha da saúde com municípios, segundo denúncia do MPF
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o governador afastado do Rio Wilson Witzel criou um esquema de rachadinha com repasse de verbas a municípios para investir na saúde. As cidades recebiam o dinheiro para os fundos municipais da saúde e “devolviam” 10% do valor a um dos grupos que pagavam propina a Witzel, segundo a denúncia da Operação Tris in Idem – que resultou no afastamento do governador.
De acordo com a denúncia, as quantias eram destinadas ao grupo político comandado por Pastor Everaldo, presidente do PSC, partido de Witzel.
O esquema de rachadinha foi revelado ao MPF pelo empresário Edson Torres, acusado de ser operador do grupo de Everaldo. Segundo o empresário, a Secretaria de Saúde planejou transferir R$ 600 milhões aos fundos municipais de saúde para que o montante entrasse no cálculo do valor mínimo constitucional a ser aplicado na área.
De acordo com a denúncia do MPF, a intenção era superfaturar obras em algumas cidades para que o lucro fosse revertido para o núcleo comandado pelo presidente do PSC.
Edson Torres disse ainda que ele e outros integrantes do grupo participaram de reuniões sobre o envio de dinheiro aos municípios de Petrópolis, São João de Meriti, Paracambi e Itaboraí. Ele também disse que as prefeituras de Magé, Saquarema e São Gonçalo retornaram verbas ao grupo, mas não citou nomes.
O empresário prestou depoimento ao MPF voluntariamente, depois de ver seu nome envolvido na operação. A denúncia é assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo e foi oferecida ao ministro Benedito Gonçalves, do STJ, informa o Antagonista.