Grupo Globo lavou dinheiro durante 30 anos, afirma doleiro
O doleiro Cláudio Barbosa, conhecido como Toni, revelou detalhes sobre as transações milionárias e ilegais envolvendo a família Marinho, proprietária do Grupo Globo. Toni fechou acordo de delação premiada após se tornar réu na Operação Lava Jato e entregou um computador com os extratos das operações com a família.
No equipamento há comprovantes das entregas de dinheiro que fazia na casa do ex-diretor financeiro do Grupo, José Aleixo, nomeado para comandar o negócio. Além de uma suposta lista de clientes que incluiria os nomes do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha e de executivos da Odebrecht.
Em entrevista ao programa “Domingo Espetacular”, da Rede Record, ele afirmou que os irmãos Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho, presidente e vice-presidente do conselho de administração do Grupo Globo, nomearam Aleixo com o objetivo de driblar a fiscalização e sonegar impostos.
“Eu, Toni, posso falar que, desde que eu entrei na empresa, em 1986, 1987, se atendia o Aleixo e se atendia a Globo. Desde que eu tenho conhecimento, porque eu sempre estive na tesouraria, isso nunca parou. Parou quando eu fui preso”, disse Cláudio Barbosa.
Negociação de alto padrão
Os esquemas de acordo com doleiro eram de alto padrão. “Os valores eram sempre de 200 a 300 mil dólares, [convertidos] em reais. Normalmente era entre 500 mil e um milhão de reais”, contou à reportagem.
Toni diz que as transações eram feitas diretamente na sede da Globo por intermediários e por isso nunca conheceu os irmãos Marinho pessoalmente. A partir de 2003 até 2017, o procedimento incluindo carros blindados para evitar assaltos ou blitz, foi encaminhado para a casa de José Aleixo, que faleceu em 2018.
“Os cuidados para as transações eram redobrados e incluíam carros blindados para evitar assaltos ou uma blitz no caminho, até o acionamento de uma transportadora de valores, com seguranças armados. Na minha contabilidade, eu devo ter movimentado de 15 a 20 milhões de dólares”, afirma Toni sobre os últimos cinco anos de operação, segundo informações do Relevante News.